Em parceria com o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e a fornecedora Ericsson, a TIM está lançando sua primeira rede de NB-IoT em uma prova de conceito na cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG). Pelo alcance e a agilidade no ligamento, a operadora escolheu a faixa de 700 MHz, com a promessa de alcance de 30% a 40% maior do que a cobertura possível na mesma frequência para smartphones. O CTO da tele, Leonardo Capdeville, explica que a implantação comercial deverá começar ainda este ano – bastará uma atualização via software. “Para disponibilizar isso nas mais de mil cidades onde já temos 700 MHz, é rápido e com baixo investimento”, declara.
Segundo o CTO, a adoção da NB-IoT em 700 MHz terá diferencial em relação às tecnologias de frequência não licenciada por conta de cobertura e abrangência, segurança com o padrão 3GPP e pela questão técnica, quando se é necessária a estrutura de telco sem possibilidade de interferências. Por exemplo, em casos de rastreamento com frota, com aplicação crítica e com alta disponibilidade, no qual seja preciso ter segurança e confiabilidade. “Seguramente as empresas vão preferir sobre modelo industrial do que ir para um modelo tradicional, para nicho”, declara.
O foco será em duas vertentes: agrobusiness, para proporcionar aumento de produtividade, e smart city, “justamente pela necessidade de [as cidades] serem mais eficientes e arriscando melhora do serviço sem ter esforço de investimento elevado”. O aumento do ecossistema e da demanda, diz ele, deverão indicar a expansão para as demais cidades onde a empresa já opera com a mesma frequência. “O que estamos fazendo é convidar alguns fornecedores para lá no ecossistema em Santa Rita do Sapucaí para começar a prova de conceito e teste para solução”, declara.
Uma das empresas, afirma, está sinalizando a chegada de máquinas de cartão (POS) já utilizando a NB-IoT. “Mesmo na aplicação mais básica, que é essa, já conversamos com parceiros que estão querendo usar no Brasil. E tendo infraestrutura, vamos começar a atrair.”
Espectro
A TIM utilizará um canal de 250 kHz do espectro disponível, uma vez que a aplicação em Internet das Coisas geralmente não demanda grande quantidade de dados. “Como é um canal muito pequeno, é uma parte muito pequena de espectro para dedicar. E exatamente por isso que ele consegue concentrar a energia e fazer cobertura melhor do que a tradicional de 4G”, declara ele.
De qualquer forma, caso a demanda aumente com a explosão da IoT conforme o previsto pelo mercado, a empresa considera dedicar canais nas faixas de 1.800 MHz, 2,5 GHz e a de 2,1 GHz. Neste último caso, após o refarming – atualmente, a operadora realiza um piloto em Teresina. Após os ajustes, Capdeville espera expandir o refarming em 2,1 GHz para outras capitais ainda neste ano também.
O foco em 700 MHz não quer dizer que a TIM esteja ignorando a faixa de 450 MHz, cuja destinação (e possível resgate) a Anatel atualmente analisa. Segundo o executivo, o ecossistema mais amplo e o alcance avançado da faixa de 700 MHz em NB-IoT já permite ter uma cobertura e infraestrutura mais adequada. Ele diz que não pretende usar a faixa de 450 MHz no momento, mas enxerga “oportunidade de aplicação mais industrial, de nicho”.
Plataforma
Logicamente, o modelo de negócios da TIM não está atrelado somente à conectividade. A operadora utilizará a plataforma da Ericsson para fazer o decoding entre hardware e software, permitindo mecanismo de segurança. Porém, a companhia também testa no TIM Lab uma solução do CPqD, a Dojo, que tem código aberto. Ambas as plataformas são agnósticas em tecnologia e trabalham com a NB-IoT, além de outros tipos de conectividade. Leonardo Capdeville compara esses middlwares com o que o sistema operacional Android proporciona para smartphones de diferentes configurações. “Os dois casos a gente tem trabalhado e ambos têm se mostrado muito promissores”, declara.
A ideia é ter uma plataforma de IoT, algo que ainda está em fase de prospecção e escolha na operadora, mas que trabalhe a conectividade com o tratamento de dados através de big data e analytics, posicionando a tele como uma fornecedora de informação útil ao lidar com o grande volume na infraestrutura. O executivo explica que essa parte do projeto já está mais avançada porque a empresa já utiliza big data internamente. “Há cerca de três anos e meio, quando decidimos ir ao 4G e fazer esse movimento [de foco de investimentos], essa decisão foi tomada baseada em informações que tínhamos coletadas em big data”, conta. A companhia analisou o comportamento dos usuários com maior demanda de dados e maior penetração de smartphones.