O relatório “Novo estudo da GSMA e BID: a tecnologia móvel é a chave para proteger o meio ambiente e combater as mudanças climáticas na América Latina”, feito pela South Pole, estima que o lixo eletrônico associado aos celulares represente 1% do total de lixo eletrônico da região, ou 46 quilotons. A pesquisa mostra que e-waste ficou em 46 mil quilotons (kt) em 2017 em todo o planeta, e que a América Latina é responsável por 9% do total mundial, ou 4,4 mil kt. O dado foi apresentado nesta terça-feira e defende a tese de que a tecnologia móvel será uma das ferramentas para combater as mudanças climáticas e ajudar a encontrar soluções para um crescimento sustentável na região.
O estudo afirma que a tecnologia móvel e as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) têm potencial para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa (GEE) em paralelo ao crescimento econômico. Contribuir com a eficiência energética e a energia renovável devem fazer parte da estratégia da indústria digital para se alinhar ao Acordo de Paris e manter o aquecimento global abaixo dos dois graus Celsius. De acordo com o texto, as operadoras móveis da América Latina estariam estudando a expansão da porcentagem de energia renovável que usam, assim como a redução do consumo de energia, além de promover campanhas de redução do desmatamento.
Na introdução ao estudo, o diretor geral da GSMA Mats Granryd afirma: “As operadoras de telefonia móvel desempenham um papel cada vez mais importante na construção de resiliência a desastres naturais e relacionados ao clima por meio de sistemas de alerta antecipado, comunicação de emergência e radiodifusão. O uso de Big Data também é capaz de fornecer informações críticas para rastrear movimentos populacionais antes e durante emergências, permitindo que os governos enfoquem melhor as estratégias de planejamento e alívio de desastres.”
Exemplo: Telefônica
Um dos exemplos encontrados no relatório é o da Telefônica com seu piloto de Big Data para monitorar a mobilidade dos cidadãos. A solução monitora a mobilidade das pessoas na cidade, analisa o impacto na qualidade do ar na cidade e estima seus efeitos na saúde e no bem-estar de seus habitantes. Com os dados de mobilidade, é possível prever dois dias antes problemas relacionados à poluição do ar.
“A nova era dos dispositivos conectados (Internet das Coisas) traz um conjunto de soluções baseadas no uso de sensores para coletar informações em tempo real. Essa riqueza de dados pode ser processada e analisada através do uso de inteligência artificial, oferecendo aos formuladores de políticas, instituições financeiras e empresas um conjunto completo de novas ferramentas para gerenciar os impactos da mudança climática em suas operações e reduzir a geração de emissões de gases de efeito estufa como resultado de seus processos de produção. A menos que haja conectividade com redes e serviços de alta qualidade, esse cenário não ocorrerá. Infelizmente, há uma demora no processo de transformação dos países da América Latina e do Caribe, em média. Desafios severos em termos de disponibilidade de infraestrutura permanecem, e há pouco acesso a serviços de conectividade confiáveis e acessíveis e tecnologias digitais. Tais inadequações são especialmente agudas nas áreas rurais, onde a população é muito mais vulnerável aos efeitos da mudança climática”, escreveu no relatório Juan Antonio Ketterer, Chefe de Conectividade, Divisão de Mercados e Finanças do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).