Ao todo, existem 20 aplicativos ligados à vida política, com o propósito de “vigiar a democracia” ou expor de forma clara plataformas de candidatos, como votam os deputados, como eles se comportam, se estão sendo processados ou indiciados por algum motivo etc. Alguns até estimulam a população a elaborar leis e orçamentos. No entanto, as instituições que pensaram e desenvolveram esses mesmos aplicativos defendem uma diminuição na quantidade dessas soluções. Eles acreditam que menos opções, porém mais assertivas, são capazes de alcançar melhor os eleitores brasileiros. Esse foi um dos consensos dos representantes de alguns desses apps ao se reunirem nesta quinta-feira, 6, durante o evento de lançamento do app Poder do Voto (Android, iOS) e da pesquisa Democracia 2.0.

“É preciso unir as causas que são a favor do Brasil. É preciso juntar todos esses tipos de aplicativos em um único espaço. Ou vamos repetir os políticos, cada um com seu quintal”, disse Luiza Trajano, presidente do conselho do Magalu e líder do Grupo Mulheres do Brasil. “Não podemos repetir o Brasil que não se conecta. Temos que unir o Brasil que se conecta”.

Por sua vez, Debora Albu, uma das coordenadoras do app Mudamos (Android, iOS), defende que, desunidos, esses grupos não chegarão a lugar nenhum. Já Maurício Vargas, presidente do Reclame Aqui e criador do app Detector de Ficha de Político (Android, iOS), acredita que os criadores de apps precisam ser mais “pragmáticos” para atuar “antes, durante e depois da eleição”.

Eduardo Mofarrej, cofundador do RenovaBR, acredita que é preciso racionalizar esses apps para dar relevância ao segmento como um todo. O grupo de Mofarrej deve lançar uma plataforma web no dia 10 de setembro chamada Tem Meu Voto, que oferece uma curadoria para ajudar os eleitores na escolha dos candidatos e, posteriormente, acompanhá-los no exercício do poder.

“A sustentabilidade desse pool depende muito da relevância. Tem que tirar aqueles que não são tão válidos. Esse ecossistema tem que ser mais crível”, disse o representante do RenovaBR. “Temos um ecossistema que está muito povoado. Não existe uma ferramenta só. Acredito que, no futuro, todas essas ferramentas vão se consolidar. No pós-eleições, vamos ter que fazer racionalização. A população está sendo muito bombardeada com muitas informações”.

Digital x Político

Outro tema debatido pelos representantes foi o papel das iniciativas digitais na política. Em especial, sobre uma eventual sobreposição do digital em relação aos legisladores. Paulo Dalla Nora, cofundador do Poder do Voto, acredita que a tecnologia avançou, mas não haverá essa alteração de papel.

“Vai ter um amadurecimento do movimento da sociedade. O ecossistema dos apps ainda está com um viés muito empresarial e pouco voltado à cidadania. Além dos mais, o processo político não é todo objetivo hoje. Tem pontos que não são ‘branco e nem preto’, que a tecnologia não cobre. Para isso é preciso ter mais capacidade de medição de data. É inocente achar que vai substituir o processo político por tecnologia pura”, afirmou Dalla Nora.

Sobre essa relação máquina x político, Albu, do Mudamos, lembra que o papel de seu app (uma ferramenta que colhe assinaturas digitais para gerar leis de iniciativa popular) é auxiliar o processo político: “Queremos unir poder público e população por meio da nossa plataforma. A ideia não é substituir o parlamentar, mas complementar suas funções. O político pode se aproximar do consumidor”.

 

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