A American Tower escolheu o Brasil para um projeto inédito em sua história, tanto do ponto de vista tecnológico quanto de modelo de negócios: a construção de uma rede própria, mas compartilhável, de Internet das Coisas. Aproveitando parte dos seus 19 mil sites onde hoje estão as antenas de várias operadoras de telecomunicações no País, a empresa está instalando estações que usam a tecnologia Lora, um padrão aberto de LPWA (Low Power Wide Range). A ideia não é competir com as teles, mas prover capacidade no atacado para as operadoras e para provedores de soluções que demandem uma tecnologia desse tipo, ou seja, de baixo custo, pequeno tráfego de dados e longo alcance. O lançamento comercial acontecerá no quarto trimestre, quando serão divulgados em detalhes o modelo de negócios e os preços. A iniciativa é acompanhada de perto pela matriz da American Tower, pois pode vir a ser replicada em outros países onde a companhia atua.

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Abel Camargo, diretor da American Tower

“É uma infraestrutura neutra, que pode ser compartilhada por todas as operadoras, MVNOs e provedores de soluções. Não é para competir com as outras redes, mas para complementá-las. A venda será no atacado, ou seja, não vamos vender aplicações”, esclarece Abel Camargo, diretor de estratégia e novos negócios da American Tower.

A Lora usa a frequência não licenciada de 900 MHz. O raio de alcance costuma ficar entre 10 Km e 14 Km. Em regiões com grande densidade, como São Paulo, cai para 4 Km. Trata-se de um padrão aberto e de comunicação bidirecional para mensagens leves. A velocidade chega a no máximo 50 Kbps. “Não é para voz, nem vídeo. É para missões não-críticas. Não dá para usar em saúde, por exemplo”, explica o executivo.

Em uma primeira fase de testes, a rede está sendo usada por uma empresa de monitoramento de veículos, a Maxtrack. Ela própria fabricou os sensores e já tem mais de 300 mil dispositivos conectados à rede da American Tower. Camargo projeta também a utilização por concessionárias de eletricidade, água e gás, especialmente para medição de consumo (smart metering). Outras verticais em potencial são agroindústria e cidades inteligentes.

Camargo entende que a rede Lora só faz sentido em um negócio de escala, com milhões de dispositivos conectados. Para isso, é importante haver fabricação nacional e preços baixos para os sensores. Hoje, modelos importados custam da ordem de US$ 12. O ideal, na sua opinião, seria alcançar um preço próximo de R$ 10.

Extensão e arquitetura da rede

Neste momento estão cobertas as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, representando 24% do PIB nacional. A rede chegará a cerca de 80 cidades até o final de 2019, ou metade do PIB, informa Camargo. Primeiramente estão sendo aproveitados os próprios sites da American Tower, mas dependendo da demanda a empresa está disposta a instalar sites novos somente para a rede Lora, especialmente para atender projetos de grande porte no campo.

O backhaul é provido pela rede celular ou pela rede fixa, com ADSL, por exemplo. Em áreas remotas pode ser feito por satélite, se necessário. O core da rede, chamado de Lora Network Server (LNS), é fornecido com exclusividade por uma parceira, a Everynet.

 

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