75 milhões de empregos devem desaparecer no mundo e outros 132 milhões serão criados com as novas tecnologias até 2030, segundo a empresa de consultoria empresarial McKinsey. Diante deste cenário, o futurista Rudy de Waele defende este momento para que empresas e sociedade mudem suas visões do lucro para um capital mais humano, uma vez que grande parte das tarefas repetitivas e de esforço serão automatizadas nos próximos anos.
“Nós precisamos parar com a disrupção e começar a focar na construção. As empresas precisam trabalhar mais próximas dos cidadãos”, disse de Waele em conversa com jornalistas e influenciadores digitais durante o evento IBM Cloud Discovery, que aconteceu nos dias 8 e 9 de outubro, em São Paulo. “O sistema atual é desenhado para as companhias focarem mais no lucro. Além disso, a maioria das companhias que buscam a disrupção acabam tirando nossos valores”.
Segundo De Waele, esaa busca por mais relações humanas em um mundo cada vez mais digitalizado, é algo que pode ajudar no desenvolvimento e nas aplicações das novas tecnologias, como a inteligência artificial, por exemplo: “Nós precisamos deixar de ser (uma sociedade) de ‘amor por ego’ para ser mais ‘amor por alma’. No último século, o foco foi muito no egocentrismo. Necessitamos ter mais contato tête-à-tête, mais conversas. Isso ajudará a evitar vieses em inteligência artificial. Você consegue achar as melhores repostas (para criar um algoritmo) por meio de um diálogo, não de uma plataforma”.
O autor do livro “Shift 2020 – How Technology Will Impact The Future” acredita que as companhias precisam saber onde estão os seus dados, e ter uma relação aberta com seus clientes sobre essas informações. Para De Waele, essa seria uma forma de melhorar a sociedade em uma era digital com poucas interações. Ele também defende que as empresas, mesmo as pequenas, comecem a buscar pessoas que tragam valores, cultura de transformação e espírito de busca e aprendizado.
“É preciso manter a curiosidade viva em nossas mentes. Manter o cérebro treinado para não ser enganado pelas tecnologias”, enfatizou o especialista, que é membro do IoT Council. “O nosso cérebro constantemente nos engana e, com a tecnologia, isso acontece com mais frequência ainda. Precisamos ler mais livros, ir à natureza, ajudar o próximo, falar com vizinhos e pessoas próximas, e usar conscientemente as tecnologias. Um exemplo são as redes sociais. Não podemos espalhar as fake news, nós precisamos nos questionar ‘qual a fonte’, ‘onde foi publicado’ e se a notícia é ‘real’”.