A Flapper, startup brasileira que vende fretamento e assentos em voos de aviação executiva através de um app móvel, se prepara para dar um importante passo: a adoção de helicópteros elétricos autônomos, também chamados de “veículos elétricos com decolagem e pouso na vertical” (eVTOL, na sigla em inglês). A empresa está prestes a receber investimento de um fabricante desses veículos, o que deve acontecer no começo do ano que vem. E acredita que o mercado brasileiro tem todos os ingredientes que o credenciam a ser um dos pioneiros na utilização de eVTOLs. Seu CEO e cofundador, Paul Malicki, prevê que um serviço de compartilhamento de voos em eVTOLs poderá ser lançado no Brasil em 2021, inicialmente com pilotos.

“Os aviões elétricos são o futuro. E o Brasil tem a infraestrutura de helipontos mais desenvolvida do mundo. São cerca de 900 helipontos.Embora esse número seja menor que o número absoluto de helipontos nos EUA (que contam com mais de 5 mil), o Brasil está na frente em termos de utilização de helipontos. A cidade de Nova Iorque tem apenas três helipontos no centro. São Paulo tem 215 homologados e cerca de 10 usados diariamente”, relata Malicki.

Outros fatores que contribuem para que o mercado brasileiro seja um dos pioneiros de um serviço como esse são o pesado trânsito nas grandes cidades do País e a receptividade do público nacional para com novas tecnologias, comenta o executivo.

Entre as vantagens para o público em geral está o custo: os veículos elétricos têm um custo muito mais barato que aqueles movidos a combustíveis fósseis. Considerando que a tendência no futuro é que os eVTOLs dispensem os pilotos e sejam autônomos, o preço dos assentos pode ser até 70% menor que o atual, prevê Malicki.

Mais de 100 empresas estão trabalhando no desenvolvimento de helicópteros elétricos autônomos ao redor do mundo, muitas delas já com produtos criados. Mas nenhum serviço foi oficialmente lançado ainda, porque falta negociar a regulamentação com governos locais. As conversas mais adiantadas acontecem em Cingapura, Alemanha e EUA, informa o fundador da Flapper. A Anac costuma se alinhar às regras da norte-americana FAA, o que deve facilitar a aprovação de uma regulamentação para eVTOLs no Brasil, acredita Malicki.

A Flapper não estará sozinha na disputa por esse mercado no Brasil. A Uber é uma das empresas que está desenvolvendo um eVTOL, batizado como Uber Elevate, e incluiu o Brasil entre os potenciais mercados a serem explorados em uma primeira fase de operação.

Flapper

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Paul Malicki, fundador da Flapper

A Flapper tem hoje disponíveis 145 aeronaves de 27 companhias de táxi aéreo diferentes. Metade da sua receita provém do fretamento sob demanda e a outra metade, da venda de assentos em voos compartilhados em rotas regulares, como São Paulo-Angra dos Reis; São Paulo-Jacarepaguá e Rio de Janeiro-Búzios. O serviço foi lançado em novembro de 2017 e conta com 80 mil usuários cadastrados, dos quais 2,5 mil já voaram com a Flapper, fretando aviões ou reservando assentos através do aplicativo móvel da empresa (Android, iOS).

A Flapper realiza atualmente 80 voos por mês e deve superar 100 no começo do ano que vem. Até o carnaval de 2019, a projeção é atingir a marca de 1 mil voos acumulados desde o seu lançamento.

Entre os planos da Flapper para 2019 estão: aumentar a quantidade de rotas regulares; aumentar a quantidade de aeronaves disponíveis; oferecer fretamento de voos internacionais na América Latina, principalmente com aeronaves do México e da Argentina; e adesivar os aviões das linhas regulares com a marca Flapper, garantindo a excelência e a padronização do serviço.

“Nosso maior desafio é que o mercado está entrando em fase de aquecimento e faltam aviões. Foi bom começar durante a crise porque as pessoas eram mais abertas para colaboração”, avalia Malicki.

 

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