A primeira etapa do programa de aulas de robótica e pensamento computacional para alunos da rede pública estadual de ensino em São Paulo, o Robolab, terminou nesta sexta-feira, 30, com uma feira de tecnologia que expôs os dez melhores trabalhos desenvolvidos durante o curso.
Os trabalhos duraram seis meses. Ao todo, 30 professores foram treinados para passar o conhecimento a 525 alunos de dez escolas. Os professores passaram por 12 oficinas de capacitação, e os discentes participaram de 228 oficinas de formação.
Os apoiadores, Instituto TIM, Grupo + Unidos e Qualcomm, afirmaram que pretendem continuar no próximo ano contribuindo com o projeto. Por sua vez, o secretário, que entra em seu último mês de trabalho na pasta, assinou uma resolução para criar um grupo de trabalho para discutir e desenvolver o projeto.
“Esses projetos precisam permanecer. Eles precisam ser institucionalizados para continuar, independentemente de quem estiver na cadeira de secretário”, disse João Cury Neto, secretário de educação do estado de São Paulo. “Essa resolução do grupo de trabalho é para entender que essa ação pode ser escalada para outras escolas”.
Desafios e próximo governo
Este grupo terá as três instituições participantes e membros da secretaria que discutirão os próximos passos do programa durante o mês de dezembro. Outros órgãos e instituições podem ser agregados ao grupo. Entre os desafios que serão discutidos está levar o Robolab para outras escolas e como levar a conectividade para a sala de aula, vital para o desenvolvimento dos alunos e do programa.
“Falta conhecer o diagnóstico do problema. Entender o que temos que fazer”, disse Mario Girasole, presidente do Instituto TIM, ao lembrar de dificuldades no desenvolvimento do projeto – seis das 10 escolas não tinham acesso ao 4G antes do projeto. “É preciso implantação de redes móveis. Sem elas, o digital não acontece. E para isso toda a cadeia precisa estar alinhada”, argumentou.
Sobre a relação da secretaria com a iniciativa privada na gestão do próximo governador de São Paulo, João Dória, a coordenadora da CGESP na secretária da educação, Célia Viana, revelou que conversou recentemente com Rossieli Soares da Silva, atual ministro da educação e futuro secretário da educação de SP, e ele mostrou-se favorável à ideia de parcerias público-privada (PPPs) na educação, como acontece na gestão atual.
Pesquisa
Na ocasião da feira de tecnologia, os representantes da Qualcomm, do Instituto TIM e do Grupo + Unidos, parceiros da Secretária de Educação do Estado de SP na empreitada, apresentaram os estudantes que preparam projetos de robótica com kits simples, resultado do aprendizado em sala de aula.
No levantamento feito com os alunos das dez escolas escolhidas para o Robolab, antes de iniciar o projeto, 2% gostavam de matemática e ciências, 53% de tecnologias em geral. Depois de entrarem no programa, 63% passaram a gostar de matemática e ciências e 97% de tecnologias. O estudo revelou ainda que 90% dos estudantes gostaram do conteúdo e 93% pretendem aplicar o conhecimento adquirido em sala de aula.
“As crianças que aprendem com a programação (e robótica) terão um entendimento melhor do mundo digital no futuro. Isso é bom para todos nós”, disse Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm na América Latina. “Apenas com o piloto do Robolab conseguimos atingir um resultado extraordinário”.
Pelo lado dos professores, os profissionais afirmam que o engajamento dos estudantes que participaram do Robolab cresceu de 26% para 79%, na comparação do antes e depois do programa. E, segundo os diretores das dez escolas, 83% pediram que o programa de robótica e computação entrasse na grade regular da escola, e todos defendem a sua continuidade.