A AT&T divulgou nesta quarta-feira, 9, uma atualização de sua estratégia em 5G. Porém, em sua participação na Consumer Electronics Show (CES), que acontece esta semana em Las Vegas, o CEO da operadora norte-americana, John Donovan, precisou dedicar um bom pedaço de sua apresentação à polêmica a respeito do uso do termo “5G Evolution” para a rede 4G (usando LTE-Advanced Pro) nos Estados Unidos. O símbolo “5GE” tem aparecido já nesta semana após atualização de alguns modelos de smartphone Android, o que provocou respostas das empresas rivais T-Mobile e Verizon. “Acho que isso [a reação] é resultado de a AT&T ter derrotado a indústria no lançamento da 5G, e isso deixou competidores frustrados”, declarou o executivo. “Ocupar a cabeça dos meus competidores me faz sorrir”, provocou.

A justificativa de Donovan é porque ele alega que a operadora é a primeira a lançar a quinta geração de forma comercial, apesar de ter feito isso há cerca de duas semanas, no final de dezembro do ano passado. Ele diz que isso se deve por ter utilizado a tecnologia baseada em padrões 5G do 3GPP – notadamente, o New Radio, que a concorrente Verizon não adotou em sua implantação de quinta geração em outubro. A rede comercial da operadora está presente em 12 cidades dos EUA.

Para o executivo, não há motivo para alarde em relação ao uso do símbolo 5GE. Ele justifica que isso indica que a rede está “pronta para a 5G”, e que a indicação serve para comunicar a adoção de uma nova tecnologia. “Achamos que precisava ter indicador para dizer que a sua velocidade [agora] é o dobro do que era com o LTE 4G tradicional, e conseguimos seis ou oito vezes essa velocidade”, declara. “Cada companhia é culpada em construir uma narrativa sobre como o mundo funciona, e adoramos ter quebrado a narrativa da indústria há dois dias com isso”, alfineta.

Não é a única nomenclatura em torno da quinta geração que a operadora está utilizando. Em comunicado também nesta quarta-feira, a AT&T declarou esperar ter no começo de 2020 uma rede 5G em todo o território norte-americano utilizando espectro sub-6 GHz, além de “continuar a ofertar cobertura 5G+ com espectro de ondas milimétricas”. Ou seja: a empresa já trata a cobertura com a parte mais robusta da nova rede de “5G+”.

Infraestrutura

Até o momento, a empresa conta com três dispositivos 5G – todas CPEs para acesso fixo na rede móvel (FWA), mas afirma estar trabalhando com a Samsung para oferecer dois smartphones ainda este ano. A companhia também desenvolve os próprios roteadores em torres de celular, lançando o hardware como white label (com código aberto) para que fornecedores possam fabricar para a empresa.

Com o LTE-Advanced Pro da “5G Evolution”, a companhia afirma estar cobrindo mais de 400 mercados com tecnologias “com velocidade teórica de pico de ao menos 400 Mbps em dispositivos compatíveis”. A empresa também passou a adotar a tecnologia de licença de acesso assistido LTE-LAA (que utiliza espectro não licenciado) em 55 cidades, contra 24 prometidas anteriormente. A tele diz que essa tecnologia é capaz de entregar velocidades teóricas de 1 Gbps.

Na parte da infraestrutura da rede, a tele diz ter chegado a 65% do mercado com virtualização e controle por software no core em 2018, com planos de atingir 75% em 2020. A companhia adicionou “centenas” de torres em dezembro em parceria com a Tillman Infrastructure, e trabalha também com “alternativas” como CitySwitch e Uniti.

A rede de fibra da operadora atinge 11 milhões de locais em 84 regiões metropolitanas, com plano de chegar a 14 milhões de locais até a metade deste ano. Em corporativo, já atinge 2,2 milhões de locais nos EUA ao iluminar fibra em 500 mil edifícios de empresas naquele país. Em FWA, a companhia chegou a 660 mil localidades em 18 estados ao final de 2018, com plano de chegar a 880 mil em 2019, e 1,1 milhão ao final de 2020. 

A AT&T estima que até 2022, mais de 75% do tráfego móvel será graças ao crescimento de vídeo 4K, carros autônomos, drones, aplicações em realidade virtual e aumentada, e jogos móveis. Atualmente, mais de 242 petabytes de dados correm pelas redes da empresa.

Estratégia

O fato é que a estratégia da AT&T com 5G também está focada no futuro, assim como no caso da Verizon. John Donovan garante que não se trata apenas de uma rede capaz de baixar filmes mais rápido, ou de usar o smartphone de forma tradicional. “Não é só mais rápida e eficiente, é uma rede em tempo real”, ressaltou. Ele diz que as demandas da indústria são sempre em relação ao que pode ser feito com a nova geração. “É a tecnologia do ‘sim, você pode fazer isso'”, afirma.

A AT&T ainda anunciou extensão de acordo com a Magic Leap para incluir soluções corporativas em 2019, com foco inicial nas áreas de varejo, manufatura e saúde. Entre as iniciativas, Donovan citou parceria com um hospital de Boston para ativar rede 5G para “estreitar relação entre médico e paciente”.

 

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