O tráfego de dados móveis da Claro dobrou em 2018, sendo que o volume na tecnologia 4G avançou mais de 200%. Os números são do próprio presidente da operadora, Paulo Cesar Teixeira, que destaca o crescimento da empresa até novembro do ano passado, com 8,343 milhões de novos acessos – o maior do mercado (ela é a terceira colocada no segmento, com 23,61% de market share). Foi um aumento anual de 37,82%, o que deixou a tele com 30,402 milhões de chips LTE no penúltimo mês, conforme dados divulgados recentemente pela Anatel. Segundo o executivo, o desempenho se dá em consequência das ofertas simplificadas e o do investimento em tecnologia e infraestrutura, sobretudo com o lançamento da rede LTE-Advanced Pro (chamada comercialmente de 4,5G). “A demanda não para, mas a rede está praticamente toda fibrada, salvo exceções em sites remotos. Mas em grandes centros, temos todo o backhaul da Net e todo o backbone da Embratel. Então, temos rede bastante para conseguir o nível de qualidade mesmo entregando mais capacidade”, afirmou ele a este noticiário.
Atualmente, a rede 4,5G da Claro alcança 912 municípios no País, contra 143 em janeiro de 2018. “E toda a abrangência necessária é feita com todas as features inclusas”, destaca. Teixeira se refere à tecnologia de múltiplas entradas e saídas com quatro antenas de recepção e quatro de transmissão (MIMO 4×4), que acaba por “turbinar a performance de dados”. Segundo ele, isso explicaria o desempenho da Claro no último relatório da OpenSignal, no qual a empresa registrou média de downlink 4G de 28,1 Mbps, “praticamente inalterado” em relação ao resultado do ano anterior, quando marcou 28,56 Mbps. “As demais operadoras caíram de 22 para 20 Mbps, e outras duas ficarem em 14 Mbps e 12 Mbps”, compara, sem citar nomes, mas se referindo à Vivo, TIM e Oi, respectivamente.
Na visão do executivo, “todo mundo está fazendo carrier aggregation (agregação de portadoras)”, mas as demais operadoras teriam dificuldades por terem fornecedores distintos. Ele explica que a Claro atua com um mesmo fornecedor para cada região, o que facilita na implantação da eletrônica, a parametrização e a própria portadora. “Temos [a modulação] 256 QAM como grande diferencial, e o feature do MIMO 4×4, que está em toda a rede”, detalha. “Monitoramos a rede da concorrência, e é possível verificar se na rede deles está com ou sem MIMO.” Ele entende que, se a medição da OpenSignal fosse realizada com usuários de smartphones high-end como o Samsung Galaxy S9, compatível com a tecnologia LTE-Advanced Pro, os resultados seriam ainda melhores para a empresa.
Especificamente em rede, ele aponta que 80% dos sites estão “modernizados”, e que foram adicionados somente nos últimos 18 meses 3.500 novos sites. O executivo alega que isso melhorou a cobertura, e que, apesar de contar com menos cidades cobertas, a disponibilidade do sinal 4G no relatório da Open Signal (de 67,9%) é praticamente a mesma da Vivo (68%), segunda colocada. No levantamento, a operadora com maior disponibilidade do sinal foi a TIM, com 78,6%.
2019
O investimento no aproveitamento de espectro com novas tecnologias é a tônica da Claro, mas Paulo Cesar Teixeira não comenta se a empresa está de olho em novas frequências, mesmo por meio de refarming. Ele entende que a faixa de 700 MHz foi um divisor de águas, e que a empresa procurou trabalhar com ela tão logo vinha sendo liberada, já que o leilão ocorreu em 2014, e a oportunidade de operação só apareceu em 2018. “Mas não ficamos falando que ativamos aqui ou ali”, alfineta. “Os concorrentes que são preocupados em dizer que colocaram 700 MHz ou 2.100 MHz, mas para o cliente [a conexão 4G] é transparente, ele não nota.” Vale ressaltar que a Claro Brasil, que controla a Claro, Embratel e Net, recentemente registrou em sua contribuição para a agenda regulatória da Anatel para o biênio 2019-2020 que prefere não ter leilão de espectro em curto prazo.
Assim, a estratégia para este ano, segundo o CEO da Claro, é manter o foco em recursos e serviços para usuários de alto retorno, como o Passaporte Américas. Ele cita ainda o recurso Claro Sync, que permite sincronizar o Apple Watch com o iPhone, tornando-o uma extensão do smartphone. “A única operadora que tem essa condição é a Claro”, alega.
Mas uma coisa Teixeira garante: a Claro não vai adotar o mesmo posicionamento de marketing da AT&T, que passou a usar o nome comercial 5G Evolution (ou 5Ge) na rede LTE-Advanced Pro. “Foi a maneira da AT&T se defender da Verizon no discurso da tecnologia, mas não vejo sentido chamar de 5G uma rede que não é 5G”, argumenta. “Isso causa confusão na cabeça do consumidor.”