O parlamento britânico recebeu uma carta, no dia 29 de janeiro, assinada por Ryan Ding, diretor executivo e presidente de carrier business da Huawei. Nela, Ding responde a uma série de perguntas elaboradas por Norman Lamb, presidente do Comitê de Ciência e Tecnologia do parlamento britânico e que enviou uma primeira carta à Huawei no dia 15 de janeiro intitulada “Segurança da infraestrutura de comunicações do Reino Unido”. Em seu texto, Lamb mostrou preocupação ao saber que o conselho de supervisão do Centro de Avaliação de Segurança Cibernética da Huawei (HCSEC) escreveu em seu último relatório que só poderia fornecer garantia limitada sobre o risco que a empresa chinesa representava para as redes críticas do Reino Unido.
Ding respondeu cada uma das perguntas de Lamb, mas antes, em sua abertura, salientou que a Huawei trabalha no Reino Unido há 18 anos e que desempenhou um papel importante na implantação da infraestrutura de banda larga fixa e sem fio do país.
“Também fizemos uma contribuição econômica significativa para o Reino Unido. Investimos e adquirimos dois bilhões de libras no Reino Unido nos últimos cinco anos, incluindo compras locais. Através desses investimentos, criamos mais de 7,5 mil oportunidades de trabalho diretas e indiretas”, relatou.
Em seguida, o executivo da empresa chinesa continuou: “A Huawei e o Reino Unido compartilham um amplo conjunto de interesses, e a Huawei é amplamente vista como um excelente exemplo de parceria produtiva entre a China e o Reino Unido.”
Ding disse que a maior garantia que pode dar ao Reino Unido de que os produtos da Huawei não representam ameaça à segurança nacional da região é o tempo – 18 anos – que trabalham no Reino Unido e que, até então, nada deu errado.
Sobre os ataques feitos por outros países, a Huawei disse que a cobertura da imprensa foi exagerada. O Canadá não tomou nenhuma ação efetiva, a Nova Zelândia recusou apenas uma proposta de 5G. “Na Austrália o 5G é um problema para a Huawei, assim como nos EUA, onde as restrições legais, no entanto, se aplicam apenas a fundos federais. Além disso, proibir-nos apenas cria uma falsa sensação de segurança porque a cadeia de suprimentos é global.”
Ao ser perguntado sobre se a Huawei poderia ser compelida a auxiliar o trabalho de agentes da inteligência nacional chinesa, usando hardware ou software baseado no Reino Unido, o executivo afirmou que a Huawei nunca fez e nunca fará isso, já que, se alguém notasse, estaria com sérios problemas.
Explicou também que a Lei de Inteligência Nacional da China não obriga as empresas a instalar backdoors de segurança, e a Huawei nunca foi solicitada a fazer algo desse tipo. “Mas mesmo que isso acontecesse, não seria contra a lei chinesa recusar”, esclareceu.
Ding deixou claro que o Reino Unido é importante para a Huawei, que ainda planeja gastar 3 bilhões de libras entre 2018 e 2023 “se você nos permitir”, escreveu. O executivo aproveitou para convidar Lamb e membros do parlamento britânico a fazerem uma visita à empresa em Shenzhen.