Após firmar acordo de compartilhamento de rede com a Vodafone Italia para lançamento do 5G, o CEO da Telecom Italia, Luigi Gubitosi, declarou que parcerias em infraestrutura devem se tornar “o nome do jogo” para a empresa e para a indústria de telecomunicações. Ao comentar seu plano industrial para o triênio 2019-2021, a controladora da TIM Brasil também confirmou diálogos com a Open Fiber para uma eventual combinação das redes fixas das duas operadoras. Gubitosi ainda elogiou resultados da subsidiária brasileira ao mesmo tempo em que prometeu mudanças na matriz.
As declarações foram feitas nesta sexta-feira, 22, durante a primeira teleconferência de Gubitosi como CEO. Na ocasião, o executivo afirmou que acordos de compartilhamento de infraestrutura serão muito relevantes dentro da estratégia do grupo. No caso da Vodafone Italia, o compromisso firmado não envolverá apenas o 5G, mas também a gestão compartilhada de 22 mil torres da dupla (tal responsabilidade ficará a cargo da Inwit, que tem 60% das ações atreladas à Telecom Italia). “Eu venho de setores como o automotivo, onde se juntar com competidores para reduzir custos é o nome do jogo [Gubitosi tem passagens por Fiat Chrysler e Iveco]. Penso que essa mentalidade vai se aplicar mais e mais em outros setores. Nós não competimos em torres, mas em serviços, velocidade e preço. Infraestrutura é para ser compartilhada”, afirmou.
O executivo destacou que as aprovações necessárias para o acordo com a Vodafone Italia devem ser obtidas até o final do ano e que “outros competidores que quiserem se juntar ao clube são bem-vindos”, uma vez que a futura rede deve possuir arquitetura aberta. Segundo Gubitosi, ainda não é possível calcular o impacto financeiro exato da parceria com a concorrente, ainda que a perspectiva seja de cifras relevantes.
O mesmo valeria para o acordo com a Open Fiber para expansão da infraestrutura das redes de fibra, embora neste caso as conversas ainda estejam em curso. Gubitosi sinalizou que um termo de confidencialidade (NDA) foi assinado e que um time de conselheiros está avaliando todas as conclusões possíveis para o negócio: parceria comercial, acordo de coinvestimento ou até mesmo a fusão total entre os ativos fixos da Open Fiber e da NetCo (subsidiária de infraestrutura fixa do grupo), sem deixar claro quem absorveria quem neste último cenário. Segundo a Telecom Italia, players de rede fixa do país ficaram mais interessados no projeto de uma rede única de fibra após o parlamento aprovar mudanças regulatórias para incentivar o serviço de ultra banda larga.
Gubitosi ainda mostrou disposição para fazer mudanças no time da Telecom Italia dentro de um curto prazo, bem como acelerar planos de modernização e redução de custos da empresa. “Queremos execução, disciplina, foco e simplicidade. Tenho certeza que vocês já ouviram essas palavras muitas vezes, mas nosso trabalho é provar que dessa vez será diferente”. O CEO da controladora da TIM assumiu o posto em novembro após uma complexa disputa entre os acionistas Elliott e Vivendi que resultou na demissão de Amos Genish da presidência da companhia. No consolidado de 2018, a Telecom Italia teve redução de 3,6% no faturamento e queda de 1% no lucro.
Por outro lado, os resultados da operação brasileira agradaram o mandatário, que destacou “fundamentos sólidos” da TIM como controle de custos, migração da base para o segmento pós-pago e investimentos recentes e futuros na área de fibra ótica. Segundo o CEO, “nossos colegas brasileiros foram bravos o suficiente ao se comprometerem com margens de mais de 40% em 2020”.