Os feature phones ainda têm espaço no mercado brasileiro. Diferentemente do mercado de smartphones, que teve queda em 2018, os feature phones voltaram a crescer em vendas no último ano com 2 milhões de dispositivos, segundo os próprios fabricantes, um movimento que fez a percepção das poucas companhias que atuam neste setor mudar em relação ao dispositivo.
Em conversa com Mobile Time, os executivos de três das principais empresas que fabricam os celulares “tijolões”, como eram conhecidos os feature phones, afirmaram que pretendem trabalhar com o KaiOS, um sistema operacional chancelado pelo Google que permite colocar aplicativos famosos do Android e possui funcionalidades como GPS, NFC, 3G e 4G em dispositivos a partir de 156 MB de RAM e 512 MB de ROM.
“O brasileiro que não tem muito poder aquisitivo fica em sinuca de bico, entre escolher o modelo mais caro ou um feature phone. Isso sem falar na conectividade. Nós sabemos que precisa ser feito um trabalho grande para democratizar a tecnologia. Oferecer algo mais simples”, disse Jorge Bosch, gerente de produto na divisão de mobilidade da Positivo Tecnologia.
Por sua vez, Reinaldo Paleari, diretor de mobilidade da SEMP TCL, lembrou que o mercado de feature phones ainda é um negócio interessante, uma vez que vende de 2 a 2,5 milhões de unidades por ano. Ele diz que o KaiOS é uma das missões da companhia para o Brasil, que recentemente confirmou a aposentadoria da marca Alcatel, preterida pelas marcas TCL e SEMP.
“O KaiOS pode dar uma sobrevida aos feature phones. Ele consegue embarcar o WhatsApp e outros apps. Não tem a facilidade do touch, mas consegue trazer um pouco do universo do smartphone para o feature. Já temos isso no portfólio global, mas a questão é ajustar o preço. Ele chegaria muito próximo ao preço do smartphone. Hoje, um feature phone 3G custaria R$ 299, enquanto um smartphone de entrada custa entre R$ 349 e R$ 399. O feature phone com KaiOS ficaria na faixa entre R$ 200 e R$ 300”.
Nos dois casos, os executivos lembram o caso do KaiOS na Índia, o principal mercado até agora para esse sistema operacional, que hoje tem cerca de 50 milhões de usuários ativos, graças ao apoio das operadoras de telefonia daquele país. No Brasil, tanto Paleari como Bosch acreditam que os primeiros dispositivos brasileiros com o OS devem chegar ao Brasil a partir do segundo trimestre.
Outra empresa que conversou com Mobile Time sobre o tema foi a Multilaser. De acordo com o gerente de produtos da companhia, Fabiano Favero, a adoção do KaiOS em seu portfólio de feature phones ainda está em estudo. Contudo, o executivo garante que haverá uma evolução nos handsets, com a utilização de funcionalidades como 3G e Wi-Fi nos novos dispositivos que chegarão ao mercado em 2019.
“No quarto trimestre, chegamos a 54% de market share em feature phone, sendo o principal player nesse segmento. É muito representativo para nós”, disse Favero. “Nós buscamos a capilaridade, das pequenas lojas aos grandes varejistas. O feature phone ainda é muito importante. Estamos estudando o KaiOS, e migraremos para Wi-Fi e 3G”.