A Canvas, uma empresa que oferece soluções de educação digital, quer crescer no Brasil por meio do Ensino a Distância (EAD) mobile. Em conversa com Mobile Time, Lars Janér, diretor da companhia para a América Latina, explicou que pretende aumentar sua carteira de clientes e sua base de alunos conectados à sua ferramenta.
“Nós queremos crescer perto de 50%, mas isso depende da quantidade de alunos por instituição. Quanto mais alunos usando, maior o nosso sucesso”, revelou o executivo, sem confirmar os números absolutos. “Estamos desde 2016 no Brasil e estamos expandindo bastante. O crescimento tem sido bem rápido, com clientes como Unisinos, Ensino Einstein, Grupo Anchieta FAM e PUC Minas (este último com 30 mil alunos). Temos crescido no ensino superior para um grande número de instituições”.
Janér explicou que o uso do EAD no Brasil difere dos Estados Unidos, sede de sua empresa. Em sua visão, nos EUA, o ensino via plataformas digitais é complementar às aulas presenciais, principalmente nas universidades Ivy League (as oito principais do nordeste norte-americano, como Brown, Columbia, Harvard, Princeton e Yale), que a Canvas atua. Enquanto isso, no Brasil, o EAD surge como plataforma principal em alguns cursos.
“Essa familiaridade acontece com o brasileiro pela adoção muito rápida de tecnologias. Mais de dois celulares por habitante no Brasil, o segundo maior mercado do Facebook e o terceiro do Instagram. O uso dos dispositivo móvel também está presente nos estudos”, completou. “Isto é reflexo da realidade brasileira: o brasileiro está usando smartphone direto, pulando PC e notebook”.
Entre as áreas que o diretor da Canvas vê em desenvolvimento no EAD brasileiro estão medicina, educação executiva, MBAs, e cursos técnicos para jovens que treinam para o primeiro trabalho, primeiro estágio ou como jovem aprendiz. Janér também lembra ainda que existe grande potencial no ensino fundamental e médio.
Plataforma
A companhia atua no segmento de sistema de gestão de aprendizagem (Learning Management System ou LMS na tradução em inglês) e oferece às instituições de ensino uma plataforma aberta que consiste em apps nativos para iOS e Android que permitem a interação entre professores e alunos, como envio de tarefas, arquivos, módulos e materiais do curso.
“Isso permite ao aluno do Canvas saber sobre tudo o que acontece na plataforma. Pode ser push, SMS, postagem in app… Ele pode usar o Google Docs ou Dropbox para mandar o dever pelo aparelho”, enfatizou Janér. “Por outro lado, os professores podem gravar vídeos, corrigir provas pelo celular ou tablet, inclusive correção individual. Importante frisar que o app é do Canvas, mas tem SDK aberto que permite alterações com a sua cara”, explicou.
Sobre o modelo de negócios, o executivo revela que há diferentes modelos de cobrança, mas o mais tradicional é por aluno conectado, por ano. Em relação ao futuro, Janér frisou que o próximo passo da sua companhia será avançar em soluções de inteligência e análise de dados. Quanto à utilização de chatbots em sua plataforma, ele lembra que, por ser aberta, a plataforma LMS do Canvas permite incluir bots ao app.
Atualmente no Brasil, a companhia tem 20 funcionários que atuam com vendas, suporte e marketing. No mundo, o Canvas tem mais de 4 mil clientes. Por sua vez, a Instructure, sua controladora, fechou 2018 com uma receita de US$ 209,5 milhões, um crescimento de 30,5% ante US$ 161 milhões do ano anterior.