O mercado de redes móveis privadas terá importância fundamental para as operadoras nos próximos anos, na visão do CTO da Nokia, Wilson Cardoso. Em participação no Fórum de Operadoras Alternativas nesta terça, 2, o executivo foi taxativo: “Acho que operadora que não entrar no mercado de verticais deixará de existir em cinco anos. Todo mundo tem que ir [para este mercado], não tem jeito”, afirma. A justificativa é que, ao contrário do varejo tradicional, um projeto de infraestrutura com clientes corporativos ou com governos tem garantia não haver churn. Além do mais, há a oportunidade do negócio: a norte-americana AT&T, por exemplo, aumentou a participação das verticais em suas operações de 1% para 12% em dois anos. “Para cada dois sites existentes, precisará ter mais dois. Não importa se é uma torre grande ou menor, é um mercado duas vezes maior. Por que não atacar isso?”
Até lá, já há quem esteja aproveitando as oportunidades. A iniciativa do governo pernambucano no projeto PE Conectado II prevê a utilização de rede privada com o termo de outorga de autorização para uso de blocos de radiofrequências de no mínimo 4 MHz. As faixas contempladas são de 700 MHz, 800 MHz, 1.700 MHz e 2.500 MHz, com áreas de prestação na Região Metropolitana de Recife, (incluindo a capital, Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista). O diretor de TI e transformação digital, Agência Estadual de Tecnologia da Informação de Pernambuco, Romero Guimarães, diz que tem havido interesse da iniciativa privada. “Temos recebido visitas de empresas com soluções nesse tipo de rede, seja de grandes como a Huawei, seja do Porto Digital, com desenvolvimento de aplicações para negócios específicos”, declarou. O governo pernambucano fez provas de conceito com a Polícia Militar espectro e tecnologias disponíveis, e aprovou os resultados. “Estamos com previsão de ter 16 antenas, dependendo da frequência, e esse alcance pode ser de alguns quilômetros a até alguns metros. Dependendo da aplicação, vamos conseguir utilizar bastante a rede privada, principalmente por questões de sigilo e por autonomia.”
O próximo passo para o PE Conectado será o de desenvolver aplicação para IoT. O projeto inicial na região metropolitana tem 15 pontos de distribuição de roteamento, e previsão de 4 mil chips. Inclui serviços de monitoramento (de veículos, presos em regime semi-aberto ou aberto e frota de transporte público), geolocalização, comunicação de missão crítica em eLTE e redes de sensores para medição de água e clima.