Uma previsão do tempo de alta precisão vale ouro. Ela pode aumentar bastante a produtividade no campo e na cidade. Além disso, pode salvar vidas, haja vista o histórico de temporais, inundações e secas no Brasil. O problema é que há poucas estações meteorológicas instaladas no País. Isso significa poucos dados coletados, o que prejudica a qualidade das previsões. A culpa está no preço dos equipamentos, que são importados e podem custar de R$ 10 mil a R$ 70 mil. Uma startup paulista, contudo, quer transformar a previsão climática no Brasil: a Pluvi.on desenvolveu uma estação meteorológica de baixo custo e quer cobrir a cidade de São Paulo com 350 unidades até o fim do ano, para conseguir prever o tempo com uma precisão por bairro. No futuro, com mais estações, será possível ter uma precisão por rua da capital paulista.

Mariana Marcílio, uma das cinco sócias da Pluvi.on, relata que a ideia surgiu pouco depois da última crise hídrica vivida em São Paulo: “Começamos a nos questionar sobre a relação de São Paulo com a água. É uma cidade cheia de concreto e construída em cima de pântanos. Por que os alagamentos acontecem? E por que não sabemos quando vai alagar?”

Primeiramente, os sócios da Pluvi.on pensaram em desenvolver um software de previsão do tempo, mas esbarraram na falta de dados. Foi então que decidiram criar a própria estação meteorológica, para baratear os custos. A startup contou com apoio do CPqD e da Icatel, que é uma das suas investidoras e é a responsável pela fabricação do equipamento.

A estação desenvolvida é pequena, mais ou menos do tamanho de uma cafeteira elétrica. Ela vem com sensores para medir a velocidade e a direção do vento; o volume e a intensidade da chuva; a temperatura e a umidade do ar. Além disso, tem portas para incluir novos sensores, como radiação solar ou sensor de ruído. Seu abastecimento é feito por energia solar. A transmissão de dados pode ser feita com diferentes tecnologias, dependendo do que houver disponível no local e do preço, como Sigfox, LoRa ou rede móvel.

Os dados coletados pelas estações alimentam um modelo de previsão do tempo fornecido por um parceiro europeu da Pluvi.on. Os números são tratados com inteligência artificial, tornando a previsão cada vez mais precisa, conforme aumenta o histórico de medições.

A Pluvi.on já instalou cerca de 150 estações, espalhadas por oito estados brasileiros. A maioria foi comprada por empresas interessadas em melhorar a previsão em locais específicos, como lavouras no campo.

Cada estação custa R$ 6 mil, mas o preço diminui se o projeto envolver mais unidades. A Pluvi.on também trabalha com um modelo de assinatura, pelo qual a estação fica com o cliente em consignação e a startup cobra pelo serviço.

Os clientes corporativos têm acesso a um painel com dados climáticos fornecidos pela Pluvi.on.

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Estação meteorológica da Pluvi.on (Foto: João Vitor Marcílio)

São Pedro

O projeto de cobrir São Paulo com 350 estações este ano é orçado em R$ 700 mil. Desse total, R$ 90 mil vai ser bancado através de uma campanha de crowdfunding que está aberta até o dia 24 de maio no site Benfeitoria, para a participação de qualquer pessoa. Esse valor será aplicado na cobertura de algumas das regiões mais afetadas pelas chuvas em São Paulo, como Jardim Pantanal. Para cobrir o restante, a Pluvi.on está em busca de patrocinadores.

Uma vez tendo uma boa malha de estações na capital paulista, a Pluvi.on vai disponibilizar de graça para a população um serviço de previsão do tempo através de um chatbot no WhatsApp, batizado como São Pedro. Em uma conversa com o robô, as pessoas vão poder programar para receber alertas de chuva forte em endereços de seu interesse, como sua casa ou seu escritório. Ou poderão perguntar simplesmente se precisam levar o guarda-chuva quando saírem para determinado lugar, conta Marcílio. O bot está sendo desenvolvido pela própria equipe de TI da Pluvi.on e usará processamento de linguagem natural.

A startup também planeja monetizar vendendo dados sobre o clima com alta precisão para o mercado corporativo, a clientes que não necessariamente precisam ter suas próprias estações. São informações importantes para o planejamento de varejistas, seguradoras, operadoras de telefonia, apps de corrida de automóvel e diversos outros negócios.

Para se expandir para outras grandes cidades do País, a Pluvi.on pretende passar por uma rodada de investimento.

Tela Viva Móvel

O CEO da Pluvi.on, Diogo Tolezano, fará uma palestra sobre previsão do tempo de alta precisão no Tela Viva Móvel, na próxima segunda-feira, 6, no WTC, em São Paulo. Ele estará junto com diversas outras startups inovadoras, assim como operadoras móveis e provedores de conteúdo que falarão sobre inovação através do mobile. A programação completa e mais informações sobre o evento estão disponíveis em www.telavivamovel.com.br, ou pelo email [email protected], ou pelo telefone 11-3138-4619.

 

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