Em parceria com os Ministérios da Agricultura e o da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq, unidade da Universidade de São Paulo) elaborou um estudo para mapear locais de potencial econômico para a implantação de infraestrutura de conectividade para o agronegócio, especificamente com a instalação de antenas. De acordo com o diretor de inovação da pasta de Agricultura, Luiz Cláudio França, esse estudo acabou de ser concluído e deve ser divulgado plenamente em um ou dois meses. “Ainda vamos apresentar o estudo, mas ele traz as principais regiões e a altura necessária para as antenas para poder abraçar todas as regiões agricultáveis”, declarou ele durante apresentação no Painel Telebrasil 2019 nesta terça-feira, 21. O mapeamento também incluirá um levantamento das necessidades de licenças ambientais, segundo França.

Essas “regiões agricultáveis” são as localidades onde se devem priorizar investimentos, considerando a renda dos estabelecimentos rurais. Conforme adiantado por França, há uma concentração dessas áreas verdes nas regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste, que hoje é onde estão não apenas as principais lavouras, mas também as maiores margens que incentivarão os investimentos. O diretor diz que há potencial na região Norte, mas afirma que o “trabalho forte” está na parte agricultável nessas regiões. “Em conjunto com o MCTIC, a ideia é fazer um trabalho conjunto para mapear as principais dificuldades de licenças ambientais para a instalação de torres para trabalhar a política do governo que acelere os investimentos para entrar mais rápido com a conectividade no campo ainda este ano”, declara.

Os principais entraves encontrados pelo esforço interministerial é justamente uma rede com baixa cobertura e o alto custo de transmissão (como a banda larga satelital, por exemplo) nas áreas agricultáveis. Segundo o levantamento, a conectividade permitiria economias de 60% a 80% em manutenção de máquinas, e de 10% a 15% com as sementes. Outro desafio são as linhas de crédito não adaptadas aos novos desafios. “Novas linhas terão que se adaptar para financiar não só equipamentos, mas também prestação de serviços”. O armazenamento e processamento para a demanda de cloud também seria um gargalo, assim como a dificuldade de aquisição de hardware e software por conta de custos excessivos; e a escassez de mão de obra qualificada.

Assim, a proposta do governo é de trazer a IoT para aumentar produtividade e fomento, além de trabalhar para a exportação de tecnologia com serviços que já estão sendo colocados em testes atualmente no Brasil. Com isso, espera levar conectividade para grandes, médios e pequenos agricultores, implantando ainda novas tecnologias com a Lei da Inovação, como mecanização, TICs, blockchain, nanotecnologia e biotecnologia. Os ministérios da Agricultura, da Educação e o MCTIC pretendem também instalar um Fórum de Inovação Agropecuária em 2020, fazendo parceria com ministérios de outros países para a troca de experiências na área.

Internamente, o governo também deverá criar núcleos para abordar os diferentes temas. “Da mesma forma que construímos a câmara Indústria 4.0, vamos fazer uma para cada plano de ação, com o Ministério da Saúde, da Indústria e das Cidades”, explica o secretário de empreendedorismo e inovação do MCTIC, Thales Marçal. Ele menciona ainda o decreto do Plano Nacional de IoT, que espera para breve. “Está em vias de sair, esperamos que ainda este mês, está na agenda do governo”, diz.

“O gap da conectividade na área rural existe devido ao ambiente de negócios de altos custos e baixo retorno”, declara o diretor de relações públicas e comunicações da Huawei, Juelinton Silveira. “O momentum de negócios (investimentos em TIC) é atrelado à densidade populacional – quando passa do suburbano para a área rural, ele diminui, o retorno sobre investimento é muito menor. É necessário que o governo consiga puxar e direcionar o investimentos nessas áreas”, opina.

 

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