Ainda que remota, a possibilidade de o Brasil se alinhar com os Estados Unidos e restringir, de alguma forma, a operação da Huawei em território nacional é vista com grande receio pela cadeia de telecomunicações. Para o CEO da Claro Brasil (controladora da Claro, Embratel e Net), José Félix, uma eventual decisão do governo neste sentido criaria um “verdadeiro inferno” para o setor no País.
Durante o primeiro dia do Painel Telebrasil, iniciado nesta terça-feira, 21, em Brasília, Félix lembrou que a Claro “já fez e segue fazendo investimentos com a Huawei em toda a rede que existe hoje, seja 3G, 4G ou 4,5G”. Dessa forma, “seria um verdadeiro inferno se o governo resolvesse adotar qualquer ideia” de intervir na relação das teles com a fornecedora. “Quem iria pagar o custo que fatalmente existiria?”, questionou Félix. “Pensar na substituição da rede de um fabricante importante e de ponta [como a Huawei] não é uma conversa para nós, é para o Reino Unido, para Japão, para os EUA. Deixa eles lá e nós ficamos quietos aqui”, completou o CEO.
A Oi também é das principais parceiras da chinesa no País e confirma que a tele teria grandes problemas se não pudesse contar com a fornecedora. “Precisamos de todos, e precisamos de parceria para nos levantarmos com toda a tecnologia que existe”, declarou o presidente da operadora Eurico Teles. “Não acreditamos em uma decisão política do governo sem considerar os investimentos já feitos em tecnologia da Huawei [para a implantação da infraestrutura no Brasil]”, pontua. Teles entende que uma decisão dessa natureza privaria a população da conectividade.
Presidente da Qualcomm na América Latina, Rafael Steinhauser argumentou que o 5G inevitavelmente será uma das frentes da guerra comercial travada entre norte-americanos e chineses. Ainda assim, o executivo reconheceu que certas decisões tomadas por países “podem levar ao atraso efetivo da produtividade, competitividade e eficiência de uma nação”. De acordo com a Huawei, o banimento da empresa nos EUA atrasará o desenvolvimento das redes de 5G no território norte-americano. Vale lembrar que a fornecedora chinesa não é investigada no Brasil, conforme declaração dada em março pelo ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes.