Para o presidente da Algar Telecom, Jean Borges, o desafio futuro do setor de telecomunicações será proporcional às mudanças prometidas pelas novas tecnologias. “Muito foi feito até agora, mas infelizmente a questão do que tem pela frente é muito maior, rápida e exponencial do que fizemos até aqui”, alertou ele durante keynote no Painel Telebrasil 2019 nesta quinta, 23. Essa defasagem atingiria não apenas o consumidor final, mas também empresas, incluindo os micro e pequenos negócios. “Se a gente continuar do jeito que veio, o gap só tende a aumentar.”
Na visão de Borges, o anúncio sobre o PLC 79 feito no dia anterior do presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM), vem com atraso. “Tivemos o anúncio ontem que em julho as coisas podem evoluir, mas a sensação é de que poderíamos estar mais à frente nisso”, afirma. O executivo ressalta que tão importante quanto a proposta é a implementação da Lei das Antenas, especialmente por conta da densificação necessária para a infraestrutura com a chegada do 5G.
A líder de Telecom, Media and Technology da Delloite, Márcia Ogawa, destaca que o setor caminha para uma economia digital, que ela entende ser “um novo tipo de capitalismo”. Como tem sido uma constante no evento, a ideia é que tudo isso será potencializado com o 5G. “Muitos dos serviços serão criados em outras indústrias – a parte de serviços novos e receitas novas estão em outras indústrias”, declara. Ela acredita que plataformas puxadas por empresas de tecnologia e telecomunicações no Brasil vão conseguir se adequar à nova realidade explorando os dados e a camada de conectividade, além de prover serviços.
O que permeará tudo isso é a inteligência artificial, servindo de fomento para oportunidades de pequenas e médias empresas; lançamento de plataformas com alcance global; exportação; e para as teles poderem “monetizar, sobretudo em 5G, e subir na cadeia de valor”. Porém, Ogawa chama atenção para o risco de as empresas não aproveitarem a janela de oportunidades da IA. A tecnologia será considerada oportunidade de diferencial competitivo em um intervalo de apenas três ou quatro anos, segundo a Delloite.