O Brasil se tornou o principal produtor agropecuário no mundo. Somos líderes mundiais na produção de soja, cana de açúcar, café, laranja, carne bovina, entre outros. Mas como expandir de forma sustentável, aumentar a produção e a qualidade dos produtos e ampliar as nossas exportações pelo mundo? A resposta está no próximo capítulo das tecnologias da informação e comunicação aplicadas na área rural, a Agricultura Inteligente.
Já passamos por várias Eras no que diz respeito à forma que trabalhamos e produzimos no campo. Tivemos a agricultura tradicional, onde utilizávamos a tração animal e humana e fazíamos as tarefas de forma completamente manual. Esta era uma agricultura com baixíssima eficiência, mas que alimentou o mundo durante muitos séculos. Nas últimas décadas, avançamos bastante e adotamos a força mecanizada, lançando mão de um grande e elaborado maquinário. Pudemos acelerar a produção, aumentar a qualidade e percorrer áreas imensas em pouco tempo. Estas máquinas depois evoluíram e passaram a utilizar GPS e outras formas de georeferenciamento, trabalhando praticamente sem a interferência humana. Este é o formato atual que alimenta mais de 7 bilhões de pessoas em nosso planeta.
Ainda estamos em expansão populacional, existem locais no mundo que até hoje perecem sem alimento e o planeta Terra mostra sinais de que já estamos exigindo demais. Precisamos de soluções inteligentes que supram as necessidades da sociedade. Afinal, junto com o aumento do número de pessoas, vem o aumento do consumo, a expansão da demanda por carnes, leite, vegetais e frutas, além da necessidade de atenção fundamental para o desenvolvimento sustentável. A grande questão é: como estabelecer uma relação mais equilibrada entre população, produção de alimentos e o ambiente?
A nova Era da Agricultura será inteligente e de precisão, utilizando a infraestrutura da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), baseando-se na Internet das Coisas, em sensores inteligentes e plataformas na nuvem. No entanto, nada disso é possível sem a conectividade. Este é o principal fator que determinará se teremos a nova Agricultura no Brasil e se manteremos e expandiremos nossa liderança nas diversas áreas da agropecuária do mundo. Com a expansão da conectividade, quem sai ganhando é a sociedade. O relatório Digital Spillover, realizado pela Oxford Economics, demonstra que a cada 1 real investido em TIC, temos um resultado no PIB até 6,7x maior que se investirmos em outras áreas.
Mais conectividade significa melhoria na qualidade de vida das pessoas e possibilita tecnologias como cidades inteligentes, tecnologias aplicadas à segurança pública, habilitando ambientes comerciais ultra-eficientes, economia digital acelerada, desenvolvimento sustentável e a Agricultura Inteligente.
Não é segredo que é preciso promover diversas mudanças para atingirmos resultados tecnológicos no Brasil, país que tem vastas áreas desconectadas. Não é segredo também que o Brasil é um grande provedor agropecuário para o mundo. O agronegócio vem se modificando e modernizando, mas desafios ainda existem.
Um fator importante é a escolha da tecnologia que suporte a quantidade massiva de sensores no campo e suas conexões até a antena das operadoras, que possibilite a autonomia de bateria suficiente para diminuir o custo operacional e de controle, que tenha uma cobertura mais ampla necessária em áreas rurais e que, por fim, tenha um custo por módulo vantajoso.
Outro produto que pode ser utilizado no campo é uma uma solução de IoT que ajuda a identificar o período em que a vaca está fértil, pois normalmente o cio ocorre à noite.Um dispositivo é fixado por meio de uma coleira no corpo das vacas, capaz de monitorar a atividade no pasto e enviar as informações via rede celular para um servidor que armazena os dados de comportamento dos animais. Isso significa que, por meio de uma coleira, conseguimos monitorar o período menstrual do animal – nessa fase, as vacas se movimentam mais e o dispositivo detecta a agitação -, maximizando a probabilidade de gravidez e aumentando assim a produção de leite. Em Gansu, na China, onde tem mais de um milhão de animais conectados, o uso desse dispositivo gerou um aumento de 75% para 95% de assertividade na detecção do período fértil das vacas, algo que proporcionou mais rentabilidade ao produtor.
Outra solução que pode ajudar o homem no campo é capaz de fornecer sensores de umidade, controlador do efeito de sombra, sensor de luminosidade, sensor de dióxido de carbono. Tudo isso ligado à nuvem, com Big Data e Analytics.
É preciso focar em desenvolver a Agricultura Inteligente no Brasil, o que só é possível com a conectividade rural. Temos um desafio muito grande pela frente, mas o resultado tem tudo para ser gratificante. O Brasil é um país repleto de oportunidades para a implantação de soluções tecnológicas, que podem e devem abraçar as zonas rurais.