A IDC revelou que no primeiro trimestre de 2019 o Brasil teve um aumento de 8% na receita com vendas de celulares, alcançando R$ 13,7 milhões. Por outro lado, o volume de vendas teve queda de 6%, quando comparado ao primeiro trimestre de 2018, com 10,7 milhões de unidades comercializadas. Ainda assim, Renato Meirelles, analista de mercado de mobile phones e devices da empresa de análise de mercado, explicou a Mobile Time que o resultado foi melhor do que o esperado.

“No quarto trimestre de 2018 esperávamos para o primeiro trimestre deste ano 11% de queda, mas veio 6%”, disse em conversa por telefone na noite desta segunda-feira, 17. “O que ajudou foram os novos lançamentos e a troca de portfólio dos fabricantes. Esses novos dispositivos não entraram todos no mercado durante o primeiro trimestre. Mas o varejo começou a fazer promoções para queimar o estoque de handsets antigos”.

Com o resultado do primeiro trimestre de 2019, Meirelles crê em uma melhora na receita de venda, cuja estimativa era de 7% de aumento, chegando aos US$ 62 bilhões. Agora, o incremento esperado é de 12% com um total de R$ 59,6 bilhões movimentados no período. O analista projeta melhora em outro quesito também, o volume na venda dos handsets para o ano.

“Projetávamos uma queda abaixo dos 5% em vendas (total de 42,5 milhões) para o ano, mas agora cairá para 2,4% de vendas (total de 43,3 milhões). Pode ser que o mercado dê uma impulsionada no segundo trimestre. Mas esperamos um aumento no terceiro e quarto trimestres de 2019” , afirmou. “Isso acontecerá devido às datas comerciais (Black Friday, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal) e pela entrada de fabricantes chineses no mercado, aumentando a competitividade e uma possível guerra de preços”.

Maturidade e tíquete médio

Na divisão por categoria, Meirelles chama a atenção para dois movimentos que ocorrem no Brasil: a maturidade do mercado consumidor e o aumento do tíquete médio dos smartphones no País. Como efeito do movimento das varejistas para queimar os estoques, a projeção no tíquete médio dos celulares no primeiro trimestre foi abaixo do esperado. O período teve um crescimento de 14% no preço médio dos smartphones para o primeiro trimestre, quando a IDC esperava um aumento de 18% neste quesito.

O executivo explicou que este movimento não significa que “o smartphone intermediário está virando um dispositivo premium”, mas sim uma maturidade do consumidor, que busca por melhores configurações. E enfatizou que a faixa que ditará o mercado nos próximos meses é a de smartphones R$ 700 a R$ 1.099 e de R$ 1.100 a 1.899, que vem recebendo parte dessas melhorias.

“Começamos a ver um aumento dos preços dos smartphones a partir do segundo semestre de 2018 pelo movimento cambial – na casa dos R$ 3,90 por US$ 1 – que não baixou desde então. E a outra questão é a maturidade do mercado. Os usuários buscam mais tela, melhor processador, mais memória, melhor câmera, funções que encarecem o tíquete médio do produto”, disse o analista. “Mas o que puxou mais o tíquete médio neste trimestre foi a entrada de devices mais robustos. com 64 a 128 GB de memória, IA na câmera, melhores processadores”.

 

Faixa de preçoCrescimento nas vendas do 1T19Market share de vendas no 1T19
Acima de R$ 2,5 mil-25%7%
R$ 1,7 mil a R$ 2,4 mil247%7%
R$ 1,2 mil a R$ 1,6 mil320%18%
R$ 800 a R$ 1,1 mil-24%44%
R$ 500 a R$ 799-28%20%
Abaixo de R$ 499-11%5%

 

Baixo clero

Outros dois pontos que puderam ser percebidos na análise do primeiro trimestre de 2019 foi a queda nas vendas de smartphones mais baratos (até R$ 1,1 mil), e a estabilidade nas vendas de feature phones (0,1% de alta) com 701 mil unidades (6,5% do mercado mobile, os outros 93,5% são dos smartphones). Meirelles, da IDC, explicou que os resultados dos smartphones ligam um sinal de alerta para quem produz e vende apenas smartphones low-end, embora reconheça que muitos fabricantes colocam esses produtos no mercado devido ao momento da macroeconomia nacional.

“É um sinal de alerta para quem aposta em low-end, pois 80% dos consumidores conhecem a tecnologia – compraram um, dois ou três smartphones – e agora estão buscando uma tecnologia menor”, disse. “Mas tem fabricantes apostando neste segmento. Para eles, vale investir pois o cenário macroeconômico (consumo, perda do poder aquisitivo e desemprego) faz com que o consumidor opte por uma faixa low-end do mercado. Isto é uma forma de o fabricante dar uma opção a mais para o consumidor em tempos de crise e para quem não tem poder de barganha”.

Em feature phones, Meirelles não prevê crescimento. Para ele, este segmento continuará sendo um nicho, com poucos compradores, e, eventualmente, ameaçado pelos smartphones low-end, uma vez que os preços são similares: “É difícil pensar que eles roubem espaço. Tem um nicho de mercado que não adere à tecnologia do smartphone”.

 

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