O encontro entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, durante a reunião do G20 realizada neste final de semana em Osaka (Japão), terminou com uma trégua na guerra comercial entre os dois países e incluiu um abrandamento nas restrições à Huawei impostas pelos EUA. Dessa forma, empresas norte-americanas poderão voltar a vender produtos de “disponibilidade geral” para a companhia chinesa. A flexibilização não significa a retirada da Huawei da Lista de Entidades cujos negócios nos EUA são tutelados pelo governo do país.

A decisão foi relevada por Trump durante coletiva de imprensa realizada no sábado (29), após encontro dele com Xi Jinping. “Nós vendemos para a Huawei uma enorme quantidade de produtos que vão para as várias coisas que eles fazem. E eu disse tudo bem, continuaremos vendendo. São empresas norte-americanas que produzem esses produtos, e elas estavam tendo um problema. As empresas não estavam exatamente felizes por não poderem vender, já que elas não têm nada a ver com o que está potencialmente acontecendo em relação à Huawei”, declarou o presidente dos EUA.

“Estou falando de equipamentos onde não há um grande problema nacional de emergência”, completou Trump. Entre as empresas que devem ser beneficiadas pela decisão estão fabricantes de microprocessadores norte-americanas, como Qualcomm e Intel. Após as negociações da trégua comercial, o presidente dos EUA também suspendeu a imposição de tarifas que passariam a incidir sobre produtos chineses e afirmou que o país asiático vai ampliar a compra de produtos agrícolas norte-americanos.

A inclusão da Huawei nas conversas do cessar-fogo, contudo, desagradou políticos dos EUA como o senador Marco Rubio: no Twitter, o republicano afirmou que a decisão “destrói a credibilidade das advertências da administração [Trump] sobre a ameaça representada pela empresa”. O republicano apresentou recentemente um projeto de lei que dificultaria a defesa da companhia chinesa em disputas de patentes. Ainda que não tenha provado as denúncias, os EUA acusam a Huawei de espionagem, restringindo a negociação da fornecedora com companhias norte-americanas desde maio.

Neste domingo (30), o diretor do Conselho Econômico Nacional norte-americano, Larry Kudlow, afirmou que a maior parte das restrições seguem valendo. Em entrevista para a Fox News na qual explicou o abrandamento, o representante do órgão (vinculado à Casa Branca) esclareceu que “tudo o que vai acontecer é o Departamento do Comércio conceder algumas licenças adicionais para produtos com disponibilidade geral”, como microprocessadores. Dessa forma, a Huawei segue impedida de vender seus produtos para norte-americanas sem permissão prévia.

No final de maio, Trump havia sinalizado que um acordo que botasse fim à guerra comercial com a China poderia incluir a Huawei; já em Osaka, o presidente deu a entender que o imbróglio deve ser um dos últimos pontos a serem resolvidos no contexto das negociações. Por conta das restrições dos EUA, a fornecedora chinesa revisou em US$ 30 bilhões suas projeções financeiras para o biênio.

Holanda

Um dos países que investigava as denúncias de espionagem feitas contra a Huawei, a Holanda sinalizou que não banirá a fornecedora do desenvolvimento de suas redes 5G. Em carta enviada ao Parlamento após a avaliação de recentes incidentes de segurança, o Ministério da Justiça holandês exigiu que operadoras do país passem a adotar padrões mais altos frente fornecedores de equipamentos, mas sem apontar restrições contra nenhum vendor em específico, conforme informações da agência de notícias Reuters.

 

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