Depois das fintechs, começam a ganhar força no Brasil as insurtechs, startups que trazem modelos disruptivos a partir de interface digital dentro do mercado de seguros. Um dos novos expoentes nesse segmento é a Pier, uma seguradora digital que funciona através de um app (Android, iOS) e que tem como principal diferencial a adoção de um modelo de comunidade, no qual a maior parte do dinheiro pago pelos segurados é utilizado para o pagamento de reembolsos, o que permite praticar preços menores que a média do mercado. Seu primeiro produto é o seguro contra roubo e furto de celulares, mas a empresa pretende expandir no futuro para outros segmentos, como casas e automóveis.

“Queremos mudar a maneira como as pessoas se relacionam com o mercado de seguros. Nosso conceito é o seguro baseado em comunidade. Era assim que funcionava quando surgiram os primeiros seguros, na Inglaterra, séculos atrás. Ao longo do tempo, o seguro foi se distanciando de sua natureza mutualista e virou mercantilista”, relata Lucas Prado, CMO da Pier.

No modelo de negócios estruturado pela insurtech, apenas 20% do valor arrecadado fica com a Pier. Os outros 80% são divididos da seguinte forma: 60% vão para um fundo de reembolso, que é gasto exclusivamente com o pagamento de sinistros, e 20% vão para a Too Seguros, uma parceira que garante o risco da operação, como se fosse, na prática, uma resseguradora da Pier.

“Não temos clientes, temos membros”, diz Prado. Hoje são 5,5 mil membros e a expectativa é chegar a 40 mil até o final do ano. A base está crescendo entre 20% e 30% ao mês. Mas nem todo mundo é automaticamente aceito. A base cresce por meio de convites e cada solicitante é analisado antes de ser aceito. A fila de espera atualmente é de 15 mil pessoas.

pierSC

Furto simples

O seguro para celular da Pier foi lançado oficialmente no fim do ano passado, inicialmente apenas para iPhone. Agora, em julho, foi estendido para modelos Android da linha S, da Samsung, e mais tarde deve abranger também a linha J da fabricante sul-coreana e modelos da Xiaomi.

Um diferencial sobre vários concorrentes é que a Pier inclui a proteção contra furto simples. Para receber o seguro, basta apresentar o boletim de ocorrência e bloquear o IMEI.

Outra vantagem é que a cobrança é feita mensalmente, mas não tem um prazo mínimo para se manter como membro e o consumidor pode cancelar quando bem entender. Tampouco é estipulada uma carência. Há seguros a partir de R$ 6,30 por mês, dependendo do modelo do aparelho.

Além disso, duas vezes por ano há um ajuste na tabela de preços, levando em conta o variação no valor dos aparelhos no mercado, mas também o chamado “índice de perda”, que mede o quanto a Pier está gastando com reembolso. Prado explica: “o índice de perda é quanto a gente gasta com reembolso sobre o que a gente recebe. Se gastamos pouco, ficamos com muito dinheiro no fundo. E aí podemos abaixar a mensalidade. Se tem dinheiro sobrando é porque a precificação está errada ou a frequência de roubos está baixa. A partir de determinado índice, a mensalidade cai.”

Contratação

Chama a atenção a facilidade de contratação, toda feita através do aplicativo móvel. O consumidor só precisa informar seu nome, email, CPF, IMEI do aparelho e dados do cartão de crédito para cobrança. O próprio app identifica automaticamente o modelo do smartphone. Há duas opções de seguro: 100% ou 80% do valor de um seminovo. Antes da contratação o app informa quais são esses valores – mais uma medida de transparência que nem sempre é apresentada com clareza por outras seguradoras.

piersocios

Igor Mascarenhas, Lucas Prado e Rafael Oliveira, sócios da Pier

 

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