A Vivo acaba de lançar o serviço de mensageria RCS (Rich Communcation Service), tido como a evolução do SMS. A companhia optou por adotar a plataforma de RCS fornecida pelo Google, hospedada na nuvem. Trata-se da segunda operadora no Brasil a adotar o padrão RCS – a primeira foi a Oi, no começo deste ano. Mobile Time testou e confirmou que a interoperabilidade do RCS entre Vivo e Oi já está funcionando.
Ao longo das próximas duas semanas, começando nesta terça-feira, 10, os usuários da Vivo com smartphone Android serão gradativamente habilitados a utilizar o RCS. Para tanto, é necessário que tenham em seu aparelho o aplicativo Mensagens (Android), do Google. Quem tiver, receberá dentro desse período de duas semanas uma notificação da Vivo comunicando a novidade.
Nesta primeira fase, o RCS da Vivo vai funcionar somente para troca de mensagens entre usuários finais (P2P). O uso do serviço será ilimitado e o tráfego de dados não será descontado da franquia do usuário.
“Estamos desenvolvendo casos de uso de comunicações da própria Vivo que vão utilizar as funcionalidades do RCS. Conforme a gente comece a se comunicar com o cliente assim, ele perceberá que o app de mensagens evoluiu. A primeira campanha via RCS da Vivo deve acontecer este ano, mas não temos uma data fechada”, relata Rodrigo Gruner, diretor de serviços digitais e inovação da Vivo, em conversa com Mobile Time.
A abertura do RCS para campanhas de terceiros, dentro do modelo de A2P, ainda não tem previsão para acontecer. “O mais provável é que seja no início do ano que vem, mas nosso esforço é para tentar algo ainda este ano”, diz o executivo. A Vivo não definiu seu modelo de negócios para RCS A2P, mas a expectativa é de que trabalhe tanto com um preço por mensagem quanto com um preço por conversa, que será mais caro, assim como outras operadoras estão fazendo.
Com RCS, o aplicativo de mensagens de texto passa a ter funcionalidades típicas de apps over the top (OTT), como verificar se o destinatário recebeu e leu a mensagem; ver quando a outra pessoa está digitando; formar grupos de conversas; trocar conteúdo multimídia, como fotos, vídeos, gifs animados e mensagens de áudio etc.
O grupo Telefônica conferiu liberdade para que cada uma das suas operadoras escolha livremente o fornecedor de RCS. Na América Latina, México e Brasil até agora escolheram o Google.
Análise
O RCS abre a possibilidade de as teles reconquistarem seus usuários para um serviço de mensageria. Ao longo dos últimos anos, com a popularização dos smartphones, as pessoas trocaram o SMS por aplicativos de mensageria com interface melhor e mais funcionalidades, como WhatsApp, Facebook Messenger e Telegram.
De acordo com a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel de agosto deste ano, 98% dos internautas brasileiros com smartphone possuem o WhatsApp instalado. E 98% destes declaram que abrem o WhatsApp todo dia ou quase todo dia. Já no caso do SMS, 51% afirmam que recebem SMS todo dia ou quase todo dia, mas apenas 22% enviam SMS todo dia ou quase todo dia.
O uso do SMS no Brasil tem se concentrado especialmente na comunicação de marcas com seus consumidores para envio de notificações, como o uso do cartão de crédito ou o status de entrega de um pedido. Com o RCS, essa comunicação poderá ser multimídia. Uma companhia aérea conseguirá enviar o cartão de embarque, por exemplo, por RCS.
Se as teles estimularem seus atuais clientes de SMS A2P a experimentarem uma comunicação multimídia via RCS, há uma chance de os usuários finais começarem a testar esse canal também para conversarem com amigos. O fato de não haver desconto da franquia de dados pode ser mais um atrativo, pelo menos para clientes pré-pagos.
Mas para o RCS deslanchar falta a adesão das demais teles. Uma andorinha (ou duas, neste caso) não faz verão. O grupo América Móvil, que controla a Claro, lançou RCS no México. Seria natural que a operação no Brasil fizesse o mesmo e algum momento. A TIM e a Nextel, por sua vez, já declararam interesse na tecnologia, mas ainda não divulgaram uma data de lançamento.