Há um ano e meio, os alunos da escola de negócios Saint Paul contam com um professor diferente para tirar dúvidas sobre o que estudam. Seu nome é Paul e está pronto para responder perguntas sobre quatro matérias: contabilidade fundamental; análise financeira; criatividade em negócios; e inovação e empreendedorismo; além de dúvidas frequentes sobre a própria instituição de ensino. Paul está disponível a qualquer hora e dia da semana. Só que não atende em uma sala de aula, mas dentro da LIT, uma plataforma digital construída pela escola. Ele é um robô de conversação desenvolvido pelos professores da Saint Paul com a plataforma de inteligência artificial da IBM, o Watson. Lançado em março de 2018, após dois anos de desenvolvimento, seu algoritmo agora está sendo patenteado em conjunto pela Saint Paul e pela IBM.

“No começo havia um certo medo dos professores de que o Paul roubaria seus empregos. Ninguém queria ensiná-lo. Hoje temos fila de professores querendo participar. É mais um job para o professor”, relata Adriano Mussa, reitor e diretor de pesquisa & inteligência artificial da Saint Paul.

Foram necessárias 5 mil horas de trabalho de um grupo de professores e técnicos da IBM para ensinar a primeira matéria para o bot. O processo foi sendo aprimorado gradativamente até chegarem a um modelo que hoje demanda cerca de 150 horas para ensinar uma nova matéria ao robô. Em breve Paul saberá tirar dúvidas sobre mais duas matérias: metodologias ágeis e inteligência artificial aplicada a negócios.

Vinte professores já contribuíram com o desenvolvimento do Paul e cinco deles conhecem a fundo o funcionamento do algoritmo. Hoje, alguns docentes têm a função de retreinar o bot periodicamente.

Ensino

O algoritmo por trás de Paul foi elaborado com base na experiência de décadas de sala de aula dos professores da escola, o que permite compreender melhor a intenção do aluno por trás de cada pergunta.

“O aluno às vezes faz uma pergunta confusa, mas o professor entende o que ele queria perguntar e consegue responder de maneira satisfatória. Conseguimos ensinar isso para o Paul, com a ajuda dos professores”, conta o reitor. “Há muita ambiguidade no processamento de linguagem natural. É algo muito complexo. Se o aluno pergunta ‘o que é juros?’, ele se refere à Selic ou a outros juros? Não são perguntas do tipo ‘o que é, o que é?’. Procuramos transmitir ao Paul o conhecimento de professores com 20 anos de experiência e que sabem exatamente os entraves do aprendizado”, acrescenta.

Além disso, o robô sabe qual é o conhecimento necessário para entender cada conceito ensinado nas matérias. Assim, a cada pergunta, indica outros temas para estudo que vão ajudar o aluno a entender melhor a resposta.

O bot também está ajudando a aprimorar o trabalho dos próprios professores. “Toda vez que interage com o Paul, o aluno está nos ensinando como prefere aprender. E isso é transmitido para os professores, que vão melhorando o processo. Entra em um looping infinito, ininterrupto e exponencial”, destaca o reitor.

Próximos passos

Está no roadmap da Saint Paul adicionar a interface de voz para o robô, assim como utilizá-lo no futuro para medir o aprendizado do estudante, com a aplicação de provas.

Vale destacar que o Paul não é a única aplicação de inteligência artificial da Saint Paul. A escola usa IA para modelar o processo de aprendizado de acordo com a personalidade de cada aluno, diz Mussa. E há ainda diversas outras tecnologias sendo experimentadas na escola, como a realidade virtual, que poderá ser adotada em cursos à distância.

 

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