Durante a teleconferência de resultados trimestrais do grupo América Móvil nesta quarta-feira, 16, o CEO da controladora da Claro Brasil, Daniel Hajj, destacou um foco grande em investimentos na infraestrutura – notadamente, na rede de fibra, seja para suporte à operação fixa ou para a móvel. Mas, mesmo após a compra da Nextel (já aprovada pelo Cade e pela Anatel, e cuja finalização deverá ser em novembro), a companhia não descarta mais uma eventual consolidação no mercado brasileiro. O executivo não confirmou nenhuma tratativa oficial, mas mostrou interesse na Oi.
“Tem muito rumores de que a Oi está à venda, algumas vezes em ativos [separados], outras vezes em uma venda total. Como América Móvil, estamos interessados em fazer algo com a Oi, estamos abertos a discutir”, declarou Hajj. Embora seja praxe no mercado executivos demonstrarem sempre a porta aberta para oportunidades, trata-se de uma confirmação de que o grupo mexicano possui, de fato, interesse no processo de fusão. Vale ressaltar, contudo, que nenhuma conversa em andamento (ou em conjunto com a Telefônica e a TIM) foi confirmada.
Hajj diz que a compra da Nextel é boa para incorporação de espectro, mas ressalta que não é apenas nisso que a AMX está focando. Ainda falando sobre a Oi, ele disse: “Acho que a [incorporação da] Nextel vai ser um bom aumento de espectro para nós, mas também estamos interessados nos sites móveis, base de assinantes e na infraestrutura”. O CFO da empresa, Carlos Moreno, completou dizendo que, independente da venda da Oi, o mercado já está passando pelo processo de redução de players. “A consolidação está acontecendo diariamente, porque um dos competidores está sangrando clientes, receita e EBITDA, então o mercado está concentrando mais”, declara.
Infraestrutura
O CEO do grupo que controla a Claro Brasil ressaltou por diversas vezes que, nos últimos dois anos, a empresa tem se focado na expansão da cobertura móvel. “Não tínhamos a mesma cobertura que os competidores tinham, e hoje temos uma muito boa que pode estar a par ou melhor do que eles”, afirma Hajj, destacando a rede 4,5G (nome comercial para a tecnologia LTE-Advanced Pro).
Especificamente sobre a Nextel, Daniel Hajj diz que a ampliação da capacidade com mais frequências em São Paulo e no Rio de Janeiro só poderá ser sentida nos próximos trimestres – a empresa espera que a finalização da transação aconteça em novembro. “Espectro é muito bom e muito importante, inclusive para o futuro. Mas terá mais opções no mercado brasileiro”, diz ele, referindo-se à instalação do mercado secundário de espectro, possível após a aprovação do PLC 79 – agora, Lei 13.879/2019.
O executivo diz ainda que “acredita” no Brasil e na recuperação macroeconômica do País a partir de 2020, e alega que a estratégia de reposicionamento de marca, com a adoção do nome da Claro também para as operações fixas da Net, tem mostrado resultados.
Mas também está no foco do grupo mexicano a infraestrutura de rede fixa para ofertas convergentes no Brasil. Oscar Van Hauske, diretor-executivo de operações fixas da América Móvil, explica que a estratégia tem o foco na rede ótica. “Temos o cabo, e estamos migrando para o DOCSIS 3.1 para poder chegar a velocidades de 1 Gbps quando o mercado demandar, mas temos novas cidades com FTTH com a expansão da cobertura de fibra para ficarmos prontos para o 5G”, declara. “Estamos fazendo rede robusta não apenas para o longhaul, mas na rede metropolitana para levar a fibra mais próxima ao cliente.”