O Banco Central pretende criar uma marca única para identificar o padrão de QR code que será usado nos pagamentos instantâneos do Brasil. Marcas de arranjos individuais poderão ser usadas, desde que vinculadas àquela definida pelo Banco Central. Essa identidade visual e suas regras de uso serão divulgadas no ano que vem.
“É importante que exista uma marca única, que identifique os pagamentos instantâneos de uma forma clara e inequívoca para todos os consumidores, varejistas e empresas. Essa identidade visual é fundamental para o processo de entendimento da população a respeito desse novo meio de pagamento, o que irá facilitar sua adoção e propagação”, disse o diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do Banco Central, João Manoel Pinho de Mello, durante reunião do Fórum de Pagamentos Instantâneos realizada nesta semana.
O Banco Central espera que os pagamentos instantâneos e seu QR code padrão sejam amplamente adotados pelo varejo e pelos meios de pagamento brasileiros. Essa padronização, inclusive no que diz respeito à identidade visual, é importante para popularizar o serviço.
“Não queremos retroceder 10 anos e ter que ver cinco, seis, sete placas de QR Codes nos balcões dos estabelecimentos, como víamos aquela quantidade enorme de maquininhas para aceitação de cartões. A convergência dos QR Codes para o padrão definido para o arranjo de pagamentos instantâneos é fundamental para evitar a proliferação de códigos”, disse Pinho de Mello. “É importante relembrar uma característica essencial do ecossistema que estamos construindo: ele é um ambiente aberto. Isso significa que o arranjo de pagamentos instantâneos instituído pelo Banco Central é o único arranjo aberto com essas características. É esse arranjo que interligará todos os arranjos fechados, inclusive aqueles baseados em carteiras digitais. Isso fará com que os agentes, especialmente as empresas, não precisem ter múltiplas contas e múltiplos apps. Queremos criar um ambiente competitivo, em que os diversos participantes convivam entre si e concorram pelos clientes, tanto no lado dos pagadores quanto no lado dos recebedores, por meio da oferta de serviços inovadores, de qualidade e que agreguem valor. Isso implica que não queremos que exista uma solução vencedora, um super app, no Brasil”, ressaltou.
O diretor do Banco Central reforçou ainda o compromisso de lançamento da plataforma de pagamentos instantâneos em novembro de 2020: “O cronograma de desenvolvimento dos sistemas pelo Banco Central está sendo cumprido rigorosamente, o que nos dá plena convicção de que teremos todas as infraestruturas operacionais nas datas previstas”. E incentivou os players privados a acompanharem o BC na mesma velocidade: “Certamente quem tiver boas soluções prontas no final do ano que vem poderá tirar proveito do ecossistema desde o seu início.”
Análise
Hoje há diversos meios de pagamento divulgando seus próprios QR codes em estabelecimentos comerciais, como Mercado Pago, Rappi Pay, PicPay, só para citar alguns. Ao se integrarem à plataforma de pagamentos instantâneos, além de trocarem os QR codes atuais por novos, seguindo o padrão definido pelo BC, terão também que adaptar a identidade visual dos mesmos dentro das lojas parceiras.
Nada impede que arranjos fechados não se conectem à plataforma de pagamentos instantâneos a ser desenvolvida pelo BC. Porém, correm o risco de ficarem isolados, sem aproveitar os benefícios da interoperabilidade das contas, tendo que recorrer a soluções mais custosas e menos eficientes para transferência de valores para outros arranjos, como o envio de TED.