Controladora da Vivo, a Telefónica anunciou nesta quarta-feira, 27, uma importante reestruturação de seus negócios que incluirá a venda das operações do grupo na América Latina (com exceção da filial brasileira) e a criação de novas unidades para o segmento B2B e de infraestrutura. O plano de ação busca priorizar os quatro mercados mais relevantes para a empresa, ou Espanha, Brasil, Alemanha e Reino Unido.

Juntas, as quatro operações representam cerca de 80% das receitas, Ebitda e fluxo de caixa do grupo, apesar da presença da Telefónica em quatorze países. A decisão aprovada pelo conselho resultará no desinvestimento de operações na Argentina, México, Colômbia, Chile, Peru, Uruguai, Equador, Venezuela, El Salvador e Guatemala.

“Nossas operações na América Latina foram o motor do crescimento da companhia até alguns anos atrás. No entanto, condições particulares nesses mercados têm impactado os negócios, reduzindo essa contribuição recentemente por diferentes razões e apesar do enorme esforço dos times locais”, afirmou o chairman e CEO da Telefónica, José María Álvarez-Pallete.

Para facilitar a atração de compradores, permitir “sinergias” e diminuir a exposição do grupo à variação cambial, uma spin-off das filiais latino-americanas será criada, com reunião dos ativos em uma nova unidade de negócios (a Hispanoamérica). O braço será liderado pelo executivo Alfonso Gómez, até então responsável pelo cone norte da América Latina e principal negociador de parcerias como a celebrada na semana passada com a AT&T no México, além da venda recente de operações na América Central.

Com o foco da operação global restrito aos quatro mercados mais relevantes para o grupo, a Telefónica espera superar “incertezas geopolíticas, macroeconômicas, regulatórias e a alta competição”, sendo capaz de atender a demanda por “uma crescente alocação de capital”.

B2B

Outra importante decisão anunciada pela companhia foi a junção das divisões responsáveis por serviços digitais (cibersegurança, IoT/big data e cloud) em uma nova unidade batizada como Telefónica Tech. Espera-se que a integração (que deve ter reflexos na operação no Brasil) potencialize uma geração de receitas de mais de 2 bilhões de euros até 2022.

Segundo comunicado, os braços B2B da Telefónica já estão registrando crescimento de mais de 30% atualmente. Dessa forma, a empresa vislumbra a expansão para outros países e ramos de negócios, inclusive através de aquisições e impulsionada por potenciais ganhos de escala. A nova companhia será liderada por José Cerdán, atual head do segmento B2B na Telefónica.

Infraestrutura

A vertical de infraestrutura também ficará uma unidade apartada (a Telefónica Infra), que terá a participação de 50,01% do grupo na Telxius como principal asset. Com “abordagem aberta para novos acordos e estruturas acionárias”, a divisão reunirá demais ativos do grupo como data centers (incluindo edge), projetos greenfield de fibra ótica, cabos submarinos e sistemas de antenas distribuídas (DAS). A Telefónica Infra será liderada por Guillermo Ansaldo, que atualmente comanda a área de recursos globais da matriz.

Como resultado de todas as mudanças, uma nova estrutura de gestão será adotada pela empresa, com uma central corporativa auxiliando a adequação à nova realidade, além da realização de mudanças no comitê executivo do grupo.

 

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