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Ilha de San Andres, cuja conexão primária à Internet é feita via satélite

Em dezenas de ilhas espalhadas pelo mundo, a telefonia celular só é possível graças à comunicação via satélite. São locais que não estão conectados por fibra óptica e estão longe demais de um continente para ter backhaul por rádio. Para esses lugares, o satélite é a única solução possível para conectar seus habitantes à Internet e viabilizar a instalação de uma rede celular. É o caso de ilhas como Fernando de Noronha, Galápagos, Ilha da Páscoa, San Andrés, dentre outras.

Mobile Time conversou sobre o assunto com Sandro Barros, diretor regional do Brasil e Cone Sul da operadora satelital SES Networks. Ele explica que os satélites podem cumprir quatro diferentes papéis no atendimento a uma ilha: 1) primário, quando não há outro meio de conexão do local com a Internet – neste caso, todos os serviços de comunicação, como telefonia celular e acesso à Internet, usam backhaul via satélite; 2) híbrido, em que o backhaul via satélite é combinado com outras soluções, como rádio e fibra, para escoar tráfego; 3) de contingência, para substituir o backhaul primário se este passar por algum problema; 4) de recuperação em desastres naturais, provendo emergencialmente a comunicação primária quando os demais meios de acesso estiverem fora do ar por causa de um desastre natural.

No atendimento primário, a operadora satelital costuma instalar um ponto de presença na ilha, com sua antena, onde é feita a conexão com provedores locais de Internet ou mesmo operadoras de telefonia celular. Hoje a SES provê atendimento primário a mais de 15 ilhas do Mar do Caribe, Oceano Índico e Oceano Pacífico, assim como a cruzeiros em alto mar.

“Com boa conexão fica viabilizado o turismo corporativo em uma ilha. As empresas conseguem fazer eventos ali, pois demandam conexão. Aumenta-se também a eficiência dos hotéis, porque passam a acessar sites de reserva etc. E a conexão permite que os turistas compartilhem suas experiências, o que aumenta o interesse de outras pessoas pelo local”, comenta Barros.

O executivo cita exemplos dos outros tipos de atendimento. Em Cuba o, satélite complementa a fibra para a operadora celular local, dentro do modelo híbrido. Em Madagascar, as fibras que provêem o atendimento primário volta e meia são acidentalmente cortadas, o que ativa a comunicação satelital pelo plano de contingência. Por fim, em desastres naturais, a recuperação das comunicações sempre começa pelo satélite, como foi o caso de Porto Rico em 2017, após a passagem do furacão Maria.

A constelação de satélites de média órbita (MEO) em banda Ka garante uma velocidade agregada de 20 Gbps, permitindo o uso de 4G, por exemplo. “Dependendo do plano com seu provedor, dá pra ver Netflix. O gargalo não é mais o satélite”, afirma Barros.

A SES vai lançar em 2021 a segunda geração de satélites MEO, com capacidade 10 vezes maior e flexibilidade para fornecer até 5 mil feixes de cobertura. A iniciativa, orçada em US$ 1 bilhão, consiste no lançamento de sete satélites. Eles estão sendo produzidos pela Boeing e serão postos em órbita por foguetes Falcon 9 pela SpaceX a partir da base do Cabo Canaveral, nos EUA.

 

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