O presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores e Pesquisadores em Serviços de Telecomunicações (Fitratelp), João Moura, diz que a entidade está preocupada com a ausência de cuidados que os trabalhadores terceirizados de call centers e técnicos de manutenção dos serviços de telecomunicações contratados passam neste momento de crise do coronavírus (covid-19).
Segundo Moura, o problema dos terceirizados em call centers é que as empresas contratadas pelas operadoras afirmam que não têm condições financeiras de cumprir com as restrições impostas pelos governos federal e estadual. “Ainda temos gestantes indo trabalhar e no local de trabalho não existe o distanciamento adequado entre um profissional e outro. Além disso, esses trabalhadores permanecerem em um ambiente com um número grande pessoas; alguns casos, com 300 pessoas em um mesmo ambiente”, diz o dirigente sindical.
Em oficio enviado à Anatel, Moura diz que as medidas preventivas orientadas pelos órgãos de saúde e adotadas por algumas empresas até o momento se referiram tão somente a espaços públicos ou no serviço público, não existindo nada que contemplasse as empresas privadas do setor produtivo, seja de telecomunicações, comércio ou indústria ou das demais atividades comerciais. O documento cobra da agência uma ação para garantir que os trabalhadores de teleatendimento também sejam acolhidos com medidas preventivas.
“É urgente a necessidade de uma determinação da Anatel para favorecer a prevenção, reduzindo as aglomerações de trabalhadores, ampliando distância entre as posições ocupadas e a suspensão das exigências dos indicadores até o fim da pandemia que nos ameaça”, diz o documento. Até o momento, a Fitratelp não obteve resposta da Anatel. Os calls centers também foram incluídos como serviços essenciais no decreto presidencial publicado na última sexta-feira, 20.
Em alguns estados, já aconteceram algumas manifestações dos trabalhadores de call centers pedindo melhores condições de trabalho e ações preventivas para contenção do coronavírus no ambiente de trabalho.
Atendimento técnico em domicílio
A crise da pandemia do coronavírus ocasionou uma alta demanda do uso dos serviços de telecomunicações, especialmente os que envolvem banda larga e TV por assinatura. Nesse sentido, João Moura diz que os trabalhadores terceirizados que executam os serviços nos domicílios seguem executando seu trabalho sem nenhuma medida que garanta a segurança. “Os técnicos que visitam as casas não têm borrifadores, álcool em gel e nem máscaras. As empresas terceirizadas, contratadas pelas operadoras, até o momento não tomaram nenhuma medida no sentido de garantir a segurança desse profissional”, diz Moura.
O presidente da Fitratelp lembra ainda que a situação mudou com o Decreto 10.282/2020, publicado na última sexta-feira, 20, que estabeleceu telecomunicações e Internet como serviços de natureza essencial durante o período de crise do coronavírus. Para ele, os técnicos de telecom agora deveriam seguir rotinas similares aos profissionais que trabalham com serviços essenciais, já que andam pelas ruas e entram nas casas das pessoas. “São esses técnicos terceirizados que fazem com que o serviço contratado fique de pé”, diz Moura.