[Matéria atualizada em 23/04/2020, às 16010] As operadoras acreditam que o 5G pode ter papel fundamental para acelerar a transformação digital após o coronavírus. No entanto, executivos das principais companhias de telefonia celular do País – Claro, Oi, TIM e Vivo – veem desafios para a implementação das novas redes, como a desvalorização do real em relação ao dólar, o formato arrecadatório do leilão, a falta de segurança jurídica e a ausência de incentivos por parte do governo para investir na própria tecnologia.

Durante painel organizado por Mobile Time e Teletime nesta quinta-feira, 23, o vice-presidente de regulamentação, atacado e assuntos institucionais da Oi, Carlos Eduardo Medeiros, afirmou que é preciso pensar na racionalidade econômica, uma vez que os investimentos em equipamentos da quinta geração serão em dólar, que está com o câmbio valorizado em comparação ao real brasileiro. Vale lembrar que na tarde desta quinta-feira a moeda norte-americana chegou a R$ 5,50.

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Live que aconteceu nesta manhã de quinta-feira, 23, com executivos das principais operadoras do País

Para Medeiros, antes do leilão de 5G, a prioridade do governo deveria ser a regulamentação da Lei nº 13.879/2019, o novo modelo de telecomunicações, que traz a possibilidade de renovação ilimitada da licença de uso de espectro. “A regulamentação é fundamental para criar segurança jurídica, até para a renovação das frequências que temos hoje”, destaca. Vale lembrar que o ponto é ainda polêmico: a Procuradoria Federal Especializada da Anatel entende que a renovação só seria possível para novas licenças. Para o governo, há clareza de que a lei se aplicaria às outorgas atuais.

Formatação

Por sua vez, Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, não demonstra preocupação em relação à data de realização do leilão, previsto para o fim do ano mas com risco de adiamento por causa da pandemia. Mais importante que o “timing” é o formato do leilão, argumentou. Ele explicou que o edital não prioriza os investimentos no 5G, sem enxergar a importância da rede para toda a economia e a sociedade. “Observando o formato atual, ele traz incentivo para tudo, menos para o 5G. Precisamos enxergar as telecomunicações como um veículo para a competitividade do País”, disse. “Continuamos fazendo leilão como há 20 anos. Observamos a receita para a operadora, descontando custos e obrigações para calcular o VPL [Valor Presente Líquido] e aí obter o valor das frequências. Nessas obrigações sempre veem questões de amplitude social, o que está correto, mas pouco se olha a evolução da competitividade”, disse. Ele insistiu que se deve considerar a realidade não apenas das teles, mas de todo o setor produtivo. “O impacto de uma tomada de decisão vai além do setor de telecomunicações. Tem toda uma cadeia, como setores de educação, saúde, indústrias (que podem ser beneficiados). Será que não está na hora de enquadrar o quanto o 5G é importante para o País, e não apenas para as operadoras? A nossa expectativa é ver o impacto que o 5G pode ter no âmbito da economia para explorar o máximo que o 5G pode trazer ao consumidor.”

Márcio Carvalho, CMO da Claro, defendeu que o atual uso de redes móveis e fixas durante o distanciamento social mostra a importância das conexões na economia brasileira. Mas, ao 5G, o executivo afirma que o importante é ter incentivo certo por parte do governo, de modo que as operadoras implantem a rede com “rápida universalização e cobertura”, mas também com a ampla oferta de dispositivos para os usuários. “Tem coisa que dá para resolver na iniciativa privada, na competição, mas tem outras que precisam de fomento público”, considera.

 

 

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