Enquanto grande parte do mundo ainda está se perguntando quanto tempo levará para obter as redes 5G e o que isso poderia significar para suas vidas e economias, um grupo de pesquisadores de telecomunicações está olhando para o futuro: 6G.
Nesse mês de março, um grupo de pesquisadores da Altice Labs anunciou o início das pesquisas da tecnologia 6G no âmbito do projeto europeu Terra Nova. Com foco na dimensão da velocidade de transmissão da próxima geração de comunicação móvel, que ficará próxima dos mil gigabits por segundo, a tecnologia se diferencia também por usar redes não terrestres na interligação das antenas, utilizando satélites geoestacionários ou não.
Mas não só a velocidade é um ponto de vantagem, também a redução da latência será um diferencial relevante. No 5G estima-se que a latência será reduzida para 4 ou 5 milissegundos, mas no 6G será quase nula, com comunicação Edge de larga escala.
Assim, iremos vivenciar, de fato, a comunicação direta entre dispositivos, cidades inteligentes, fábricas inteligentes, veículos autônomos, IoT, inteligência artificial em todos os níveis e interações sensoriais como, por exemplo, por meio de implantes. Não importa se você estiver dirigindo um carro, andando de bicicleta ou caminhando, o 6G combinará com a tecnologia holográfica, permitindo visualizar mapas holográficos tridimensionais do local.
Hoje, as redes 5G estão apenas começando a ser implementadas. O atual padrão 4G LTE ainda dominará por vários anos, já que as operadoras de telecomunicações buscam recuperar seus investimentos nessa infraestrutura.
Quando o 5G se tornar a rede dominante, esperamos que seja o salto mais transformacional desde a evolução das redes 2G para 3G. Não só o 5G promete velocidades teóricas de 20 Gbps em comparação com o máximo teórico de 1 Gbps para 4G, mas também quase não há latência, além de suportar uma maior densidade de conexões em uma área menor.
Juntamente com os avanços na chamada “computação de ponta”, que impulsionará mais inteligência em relação aos dispositivos finais, a era 5G está sendo exaltada por sua capacidade de permitir cidades inteligentes, fábricas inteligentes, veículos autônomos, streaming de realidade virtual sem fio e muito mais.
Mas, por que precisamos do 6G?
Os pontos de partida mais óbvios são velocidade e espectro. O pensamento inicial é que o 6G terá como alvo velocidades de 1 terabyte por segundo. Sim, terabyte. Para obter essas velocidades, os sinais precisarão ser transmitidos acima de 1 terahertz, em comparação com o mísero intervalo de gigahertz em que o 5G opera.
Mas operar nessa faixa no espectro pode exigir avanços na pesquisa de materiais, novas arquiteturas de computação, design de chips e novas formas de acoplá-lo a fontes de energia. Quanto mais cedo esses experimentos começarem, melhor. Principalmente, definindo as áreas críticas de pesquisa.
A geração e o consumo de energia aparecem como obstáculos, tanto em termos de meio ambiente quanto de custo. Ao mesmo tempo, é necessário descrever possíveis casos de uso e cenários futuros para a tecnologia. Enquanto a era 5G deve tornar o smartphone uma peça menos central de nossas vidas, especialistas especulam que o 6G será uma era pós-smartphone. A noção de que já tivemos que carregar um gadget para controlar outros objetos ou se comunicar parecerá estranha para a geração 6G.
Com tudo o que é possível conectar, quase todos os objetos orientados por dados, a capacidade de capturar e processar dados visuais será imensa e continuará a acelerar a automação e a evolução da IA.
A maneira como consumimos dados estará mudando. Hoje, a maioria dos nossos dados é consumida usando um smartphone. Mas se tivermos óculos de realidade virtual ou aumentada, poderão ser esses ou outros dispositivos que estarão consumindo esses dados.
Nesse cenário, nosso relacionamento com as operadoras não será mais comprando um smartphone, mas talvez comprando uma estação de armazenamento e permitindo que cada residência ou escritório se torne, em essência, seu próprio operador de comunicações para o grande número de dispositivos e dados que fluem por essa próxima geração de conectividade. Essas compras podem ser o modo como a distribuição da rede 6G seja financiada, com inteligência suficiente para compartilhar, comprar e vender espectro em um bairro, por exemplo.
Cada padrão leva aproximadamente uma década para se desenvolver e, portanto, a formalização do padrão 6G está sendo direcionada para 2029-2030. Especialistas projetam que o mundo maximizará o uso do 5G por volta de 2035. E, assim, com o padrão 6G e os dispositivos habilitados lançados por volta de 2030, o momento para essa transição deve ser exatamente o mais adequado.
Com as operadoras investindo em suas implementações de 5G, elas preferem, do ponto de vista da mensagem de marketing, que os benefícios não sejam atrapalhados pela conversa sobre padrões futuros. Porém, sabemos que alguns países já iniciaram seus programas 6G. Agora, as atitudes estão mudando porque ninguém quer ficar para trás.