O Spotify (Android, iOS) terminou o seu primeiro trimestre de 2020 com um lucro de 1 milhão de euros, ante um prejuízo de 142 milhões de euros registrados um ano antes. Este é o primeiro resultado com lucro do serviço de streaming desde sua oferta inicial de ações (IPO) em 2018.
Na apresentação do relatório financeiro divulgado nesta quarta-feira, 29, a receita obtida foi de 1,8 bilhão de euros, um incremento de 20% ante 1,5 bilhão de euros do primeiro trimestre de 2019. Os gastos da empresa subiram 30%, de 1,1 bilhão para 1,3 bilhão de euros. E o Spotify registrou um prejuízo operacional de 17 milhões de euros, menor que os 47 milhões de euros de um ano antes.
Na divisão por receita, os assinantes respondem por 90% dos ganhos da companhia com 1,7 bilhão de euros, um aumento de 23% contra 1,3 bilhão de euros na comparação ano a ano. E o faturamento com publicidade cresceu 17%, de 126 milhões de euros para 148 milhões de euros, mas teve queda no mês de março, durante o período que a OMS decretou pandemia mundial pelo novo coronavírus.
A receita média por usuário (ARPU) teve uma queda de 6% para 4,42 euros, sendo que a queda é menor (4%) se retirada da equação o impacto de usuários que estão em períodos de testes (sem pagar) e assinantes que aderiram à plataforma via campanhas promocionais.
Coronavírus e competição
Durante a apresentação dos resultados nesta quarta-feira, Daniel Ek, CEO do Spotify, explicou que embora o momento seja de incerteza global, a receita da companhia foi pouco impactada pela crise do coronavírus: “A publicidade é uma pequena parcela de nossa receita, 10%. Portanto, embora tenha impactado o negócio de publicidade, nós provavelmente tivemos menos impacto que outros negócios”.
“Em longo prazo, acreditamos que isto (crise da Covid-19) seja uma grande oportunidade para nós, pois o consumo deve mudar do formato linear (por exemplo: rádio e TV com grade fixa) para o formato sob demanda (escutar músicas e podcasts quando quiser)”, completou.
Outro dado informado por Ek para tranquilizar o mercado é o fato de que a plataforma registrou poucos cancelamentos de assinaturas premium. De acordo com o executivo, a falha no processamento de pagamentos segue como o principal motivo de churn. E o CEO prevê que não terá migração da base de assinantes para o modelo freemium do app.
Operação
Com relação à atuação operacional da empresa no primeiro trimestre de 2020, o Spotify registrou 286 milhões de usuários ativos mensais (MAUs), um crescimento de 31% contra 217 milhões de um ano antes. Dos usuários que pagam o serviço, a plataforma também registrou um aumento de 31%, saltando de 100 para 131 milhões de consumidores. E entre as pessoas que não pagam, mas contribuem ouvindo publicidade, o Spotify registrou 163 milhões de usuários ante 123 milhões do primeiro trimestre de 2019, incremento de 32%.
Ek explicou que o acesso freemium é importante, uma vez que 60% dos assinantes usaram a plataforma no freemium antes de assinarem.
Por região, a América Latina responde por 22% dos MAUs e 21% dos assinantes. A Europa é a região com mais MAUs e usuários pagantes, 39% em ambas as categorias.
Uso
O número de podcast cresceu de 250 mil para 1 milhão em um ano. O consumo cresceu em três dígitos comparado ao ano anterior. Mais de 70% dos novos canais de podcasts foram criados com o Anchor.
Outro dado revelado pelo CEO é a mudança no comportamento do consumidor. Ek explicou que o uso dentro do carro está em queda, uma vez que as pessoas estão adotando o distanciamento social para evitar a proliferação do coronavírus. Por outro lado, o uso do app subiu 50% em dispositivos domésticos, como smart TVs, alto-falantes inteligentes e nos consoles Xbox e Playstation.
Atualmente, o Spotify está acessível em 300 dispositivos de 80 marcas diferentes.
Apoio
Com as recentes campanhas de apoio aos artistas atingindo 50 mil músicos nos Estados Unidos e outras localidades da América do Norte e Europa durante a crise da Covid-19, o Spotify lançou nesta quarta-feira no Brasil um fundo de apoio destinado a artistas. Feito em parceria com a União Brasileira dos Compositores (UBC), esse fundo conta com R$ 1 milhão, R$ 500 mil da UBC e R$ 500 mil do Spotify.
A ação apoiará artistas que estão filiados à UBC durante a pandemia com pagamentos mensais de R$ 400 por quatro meses, totalizando R$ 1,6 mil. Para aderir à campanha, um compositor precisa ter ganhos mínimos de R$ 800 e máximo de R$ 12 mil com direitos autorais no último ano, serem membros da UBC há um ano e passarem por crivo da UBC, que analisará a situação de cada associado.
Atualmente, a associação conta com 37 mil associados, algo que representa 57% dos compositores brasileiros. De acordo com o site da ação, 630 músicos podem ser beneficiados com o montante existente hoje.
Além do fundo, o site da ação permite que pessoas façam doações. Para cada R$ 1 doado, o Spotify doará R$ 1, dobrando o montante.