|Publicado originalmente no Teletime| Dias após a decisão do Departamento de Comércio dos EUA de restringir fornecedoras globais de chips de venderem produtos com tecnologia norte-americana para a Huawei, a companhia chinesa classificou a medida como “arbitrária, perniciosa” e capaz de trazer prejuízos a toda a indústria global.
Durante evento online para analistas promovido pela fornecedora em Shenzhen (China), a Huawei afirmou que ainda está fazendo um “exame compreensivo” do impacto da nova decisão norte-americana. Segundo o chairman rotativo da empresa, Guo Ping, os negócios da fornecedora “serão inevitavelmente afetados”, ainda que a Huawei esteja confiante em “encontrar uma solução em breve”.
Na ocasião, Ping afirmou que, no ano passado, cerca de US$ 18,7 bilhões em produtos de fornecedoras norte-americanas foram adquiridos pela Huawei. “Se o governo dos EUA permitir que elas sigam vendendo, vamos continuar comprando destas companhias”, afirmou.
Em comunicado sobre a decisão recente do Departamento do Comércio divulgado durante o evento, a Huawei também pontuou o possibilidade de um “risco à toda a industrial mundial” e de impacto na confiança que companhias internacionais depositam nos EUA. “Em última instância, isso deve prejudicar os próprios interesse norte-americanos”, sinalizou. Eventuais prejuízos ao ambiente de colaboração dentro da indústria de semicondutores também foram destacados.
Fragmentação
Durante o evento para analistas, o chairman rotativo da Huawei lembrou que a inclusão da Huawei e afiliadas na Lista de Entidades dos EUA completou um ano em 16 de maio. O executivo comparou as restrições impostas desde então a “buracos de tiros feitos em um avião em voo”, mas que têm sido contornadas e tornado a empresa mais resistente. Ainda assim, Ping afirmou que a fragmentação da cadeia global de fornecimento em dois polos distintos não deve beneficiar nenhum dos dois lados, trazendo consequências potencialmente “terríveis” ao mercado de telecom.
Para ilustrar o ponto, o chairman da Huawei citou o contraste entre as fornecedoras de tecnologia móvel norte-americanas (que teriam enfrentado declínio por conta dos diferentes padrões de tecnologia utilizados por operadoras dos EUA no 2G) e as concorrentes europeias, que teriam permanecido competitivas após estabelecerem colaboração global em diversos continentes. “Padrões unificados são muito importantes para o desenvolvimento da indústria”, afirmou Ping.