A Udemy (Android, iOS) está conversando com operadoras de telefonia para levar sua aplicação de ensino a distância aos clientes móveis, enquanto cresce com a oferta de cursos durante a crise do novo coronavírus. Sergio Agudo, diretor de negócios da edtech na América Latina, crê que há sinergia entre seu produto e as operadoras.
“Estamos conversando com algumas operadoras. O que a gente pensa é que o nosso produto é muito focado no mobile. Temos sinergias com algumas operadoras, no Brasil e lá fora também. As conversas estão acontecendo na América Latina e em outros países”, explicou o executivo da empresa californiana.
Em 2019, a companhia fechou com aproximadamente a metade de sua base de 50 milhões de estudantes acessando pelos apps em todo o mundo. Sem poder revelar os dados de mobile locais, Agudo compartilhou que o número de alunos e instrutores da Udemy no Brasil cresceu mais de 60% entre 2018 e 2019, e que desde a chegada da Udemy ao Brasil em 2014 foram consumidos 1,15 bilhão de minutos de vídeos em português na plataforma.
B2B-B2C
Durante a crise da Covid-19, a startup de educação busca crescer com oferta de cursos gratuitos – para eventualmente atrair usuários pagos – e com cursos para empresas na plataforma Udemy for Business. No B2C, a empresa oferta os mais diversos cursos, de aulas de informática ao ensino musical do ukulele. Mas os principais atrativos dos últimos meses têm sido os cursos de gratuitos, 670 ao todo, sendo 140 em português.
“No B2C, nós estamos tentando entender isso para o nosso negócio e ajudar com a capacitação. A Udemy é muito mais para professional skills, mas acaba entrando tudo. Mães, pais, crianças que querem aprender mais, um conhecimento novo. Mas é um momento delicado, por isso não estamos indo ao mercado para não parecermos oportunistas”, disse Agudo.
Por sua vez no B2B, o foco é no profissional de TI e de negócios, como conhecimentos de como dar feedback, falar em público, Excel: como fazer planilha, gráfica. Agudo explicou que neste caso, o profissional reserva mais tempo para fazer cursos, tanto que a porta de entrada da companhia em uma empresa é geralmente pelo trabalhador que pede para assinar um curso via área de recursos humanos. Ainda assim, o diretor da Udemy quer incrementar esse negócio no Brasil.
“O B2B é outro modelo de negócio. Tem que ter gente para vender. Estamos aumentando o time para fazer o esforço de vendas. O produto é muito rico, mas tem que chegar lá (nas firmas) e explicar bem. Em B2C, talvez seja trabalhar canais de distribuição. Como aliar com outras empresas para oferecer diferentes negócios”, completa. “Tem a própria empresa subindo seus cursos para os funcionários, não é aberto para todos. Ela vira uma plataforma de e-learning. O que vemos é para o futuro é ter um catálogo mais focado em empresas, com temas mais corporativos. Tem uma equipe que trabalha com essa adaptação”.
Tecnologia
O executivo explicou que a edtech tem investido bastante para melhorar a experiência do usuário no app, de modo que consiga atrair mais empresas e consumidores aos cursos. Das atualizações recentes, ele cita a mudança rápida de tela (menos de três segundos), mudanças técnicas e de design, além de dar mais poder de controle ao usuário.
“Nós queremos compartilhar mais dados com os usuários. Pensando no mundo do mobile, nós queremos dar mais controle ao usuário na sua jornada, como colocar um alerta para estudar em um determinado horário”, disse. “No B2B, eu posso disponibilizar as trilhas de aprendizado – sugestão de cursos de um tema já feito por uma pessoa ou profissional – no mundo inteiro. Sugerimos cursos que foram usados por clientes nossos no Vale do Silício e Japão para outras localidades, por exemplo”.
Estrutura
Atualmente, a Udemy tem dez pessoas no time latino-americano focados em canais de marketing, suporte e um time no auxílio ao instrutor. Mas está realizando contratações para mais profissionais de língua hispânica para ampliar o seu atendimento no Chile, Colômbia e Argentina.
A companhia ainda recebeu um aporte de US$ 50 milhões em 2019. Questionado se pretendem investir em outras empresas, o diretor de negócios disse que sim, mas de forma pontual. Cita eventuais apostas em realidade virtual e realidade aumentada, além de educacionais para alcançar meios tradicionais, como faculdades.