| Originalmente publicado no Teletime | Associações de diferentes setores da indústria estão trabalhando em uma estratégia unificada em defesa de reservas de espectro para redes privadas (Serviço Limitado Privado, ou SLP) para verticais no leilão de 5G a ser realizado pela Anatel. O interesse existe sobretudo para a viabilização de operações de Internet das Coisas (IoT).

Em evento online promovido pelo Fórum Brasileiro de IoT nesta quarta-feira, 10, entidades como a UTCAL (do setor de utilities), o IBP (da cadeia de óleo e gás), a Abdip (que representa indústrias de base) e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) ressaltaram o interesse no acesso a espectro para redes privativas e ensaiaram uma abordagem conjunta frente ao tema perante a Anatel.

“Tem que haver uma estratégia unificada para considerar a disponibilidade nas três faixas do 5G [baixas, médias e milimétricas], pois ainda não sabemos quais aplicações podem surgir no futuro”, pontuou Gustavo Correa, do Fórum Brasileiro de IoT. “A mobilização em torno de uma proposta conjunta parece ser um caminho para facilitar planejamento e abrir diálogo com Anatel, com a representatividade facilitando esse acesso”.

Durante o evento, Correa afirmou que o acesso à espectro em caráter secundário (como aventado pela Anatel em 3,5 GHz, 2,3 GHz ou mesmo na nova regulamentação de white spaces) não seria suficiente para os setores da indústria; o mesmo valeria para outorgas em polígonos, caso impostas licenças de cinco anos sem o uso primário. “Os investimentos em redes só se justificam se houver garantia de uso de espectro em longo prazo, então caráter secundário está longe do ideal”.

Sem antagonismo

Por outro lado, o Fórum de IoT pontuou que não pretende criar um antagonismo às redes públicas. “O papel das operadoras é importantíssimo para IoT e 5G, mas redes privativas são complementares para verticais de mercado que definirem como opção mais adequada”. Por essa razão, a entidade (assim como o IBP) defendeu que a regulamentação permita modelos de redes inteiramente privativas, mistas ou contratadas de um provedor de telecom.

Outro ponto defendido pelo Fórum foi a ineficiência do uso de espectro não licenciado para as necessidades das verticais de indústria. Neste aspecto, a CNA foi voz dissonante, uma vez que padrões como LoRa também seriam úteis ao agronegócio.

De maneira geral, a leitura das verticais é de que redes independentes das operadas pelas empresas de telecom garantiriam maior autonomia e confiabilidade, sobretudo em operação críticas, nas quais muitas vezes o nível de serviço exigido dificilmente seria atingido por um player de mercado. A viabilização do serviço em áreas carentes de cobertura também seria uma variável considerada.

 

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