O recém-lançado Facebook Pay está sendo comparado com o PIX, serviço de pagamentos instantâneos em desenvolvimento pelo Banco Central. Há semelhanças, de fato, mas há também diferenças. Destacamos abaixo as principais.

Semelhanças:

1) Facilidade de uso. Ambos os serviços têm como pilar a facilidade para a realização de transferências e pagamentos. O pagador não precisa saber os dados bancários, CPF ou CNPJ do recebedor. Basta ter o seu número telefônico cadastrado na agenda do celular. Em poucos cliques o pagamento é feito. (Obs.: No caso do PIX, o recebedor pode ser identificado também por um email ou pelo seu CPF/CNPJ, ou ainda por um QR code por ele gerado).

2) Disponibilidade. Ambos os serviços são disponíveis 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano.

Diferenças:

1) Crédito e débito. O Facebook Pay trabalha com pagamento em crédito e de débito, enquanto o PIX é uma transferência direta entre contas transacionais (conta corrente ou de pagamento), servindo como substituto da TED e do DOC.

2) Cadastro. O Facebook Pay demanda em seu cadastro que o usuário informe os dados de um cartão de débito ou crédito. O PIX dispensa um cartão, mas requer que o usuário associe a sua conta bancária a um elemento identificador (número telefônico, email ou CPF/CNPJ).

3) Tempo de liquidação. A liquidação do Facebook Pay não é instantânea para os lojistas que recebem os pagamentos. A transação é processada pela Cielo e o dinheiro entra na conta do recebedor no dia seguinte, quando for um pagamento de débito, e dois dias depois, se for de crédito. No PIX, a liquidação é de fato instantânea, graças ao recém criado Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), gerenciado pelo Banco Central, e no qual os participantes diretos do PIX mantêm as chamadas Contas de Pagamentos Instantâneos.

4) QR Code. O PIX permite pagamento por QR code, o que facilita pagamentos presenciais dentro de lojas físicas. O Facebook Pay não trabalha com QR code, ao menos não por enquanto.

5) Custo. No Facebook Pay, as transferências entre usuários são gratuitas mas os pagamentos feitos a estabelecimentos comerciais têm um custo de 3,99% cobrado pela Cielo junto às empresas recebedoras. No PIX, cada participante terá liberdade para definir o preço, mas este será supervisionado pelo BC para evitar abusos. A tarifa levará em conta o custo por transação cobrado pelo Banco Central do recebedor, que será de um décimo de centavo. Para lojistas, muito provavelmente será mais barato receber pelo PIX do que pelo Facebook Pay.

6) Interoperabilidade. Esta talvez seja a diferença mais marcante. O PIX é um arranjo aberto e interoperável, criado pelo BC em parceria com diversos atores do mercado que foram ouvidos ao longo dos últimos dois anos. Todos os bancos com mais de 500 mil contas ativas são obrigados a oferecer o PIX, mas diversas instituições financeiras de menor porte vão participar também voluntariamente. O PIX nascerá em novembro com centenas de participantes. O Facebook Pay, por outro lado, depende de acordos comerciais entre bancos, Facebook e Cielo. É um arranjo fechado, que nasce com três bancos: Banco do Brasil, Nubank e Sicredi.

O WhatsApp diz que está avaliando a possibilidade de integração com o PIX. E o Banco Central responde que as portas estão abertas, mas alerta que ficou preocupado com o risco de arranjos fechados como o Facebook Pay fragmentarem o mercado. Resta ver se as duas iniciativas vão se aliar ou colidir no futuro.

 

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