Até novembro do ano passado, a startup Jeitto (Android), especializada na concessão de empréstimos de baixo valor através do celular, acumulava R$ 7,5 milhões em crédito concedido a seus clientes. Seis meses depois, em maio deste ano, o volume praticamente triplicou, chegando a R$ 20 milhões. Em quantidade de transações, o número acumulado passou de 200 mil para mais de 420 mil. E o tíquete médio, que era de R$ 100, agora dobrou para R$ 200. A base de pessoas que já usaram crédito da Jeitto também dobrou nesse intervalo de tempo, passando de 70 mil para 140 mil. Os números foram compartilhados por Carlos Barros, um dos fundadores da startup, em conversa com Mobile Time.
A crise econômica provocada pelo novo coronavírus pode ser um dos fatores que levaram mais gente a buscar acesso a crédito com empresas como a Jeitto. Seu foco está justamente no público de baixa renda, onde há maior concentração de desempregados. A companhia tem um algoritmo próprio que analisa dados do uso do celular da pessoa para calcular o risco de concessão do empréstimo, cujo limite máximo é de R$ 500 ao mês. Muita gente que seria recusada em bancos tradicionais acaba sendo aprovada na Jeitto para ter acesso a crédito.
“Esse segmento é o mais difícil de ser explorado. É menos conhecido e precisa de muita tecnologia para ter um modelo sustentável. E preciso ter escala e uma plataforma robusta para suportá-la. É simples no front-end e complexo no back-end”, explica Barros.
A crise econômica não provocou um aumento na inadimplência registrada pela Jeitto até agora, o que comprova a eficácia do seu algoritmo. “Por incrível que pareça continuamos bem estáveis, com o mesmo nível de inadimplência: 12%. Estamos conseguindo conceder crédito aprovando mais gente e tendo relação melhor de risco”, relata.
Próximos passos
A Jeitto agora tem investido na sua integração dentro de sites de e-commerce e marketplaces digitais, para atender aos consumidores que queiram comprar um produto mas não tenham como pagar de imediato. Isso ajudaria a reduzir um problema grave no varejo digital, que é o abandono do carrinho. “Somos uma nova forma de pagamento. Nosso cadastro dura menos de dois minutos. Atuamos como opção de perda de carrinho ou como nova forma de pagamento oferecida no checkout”, explica.
Auxílio emergencial
Barros considera positiva a possibilidade de extensão do auxílio emergencial no País. “Nosso público é muito vulnerável a mudanças de perspectiva de renda. É uma medida certíssima (a extensão do benefício). Tem que continuar tendo renda mínima de subsistência para o brasileiro ter segurança financeira para fechar o mês”, comentou.