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| Publicada no Teletime | A destinação da faixa de 6 GHz (5,925-7,125 GHz) para o Wi-Fi 6E já foi aprovada pela Anatel, mas ainda é necessário definir as condições de uso. No entanto, conforme argumentou a presidente da entidade setorial Associação de Espectro Dinâmico (DSA), Martha Suarez, não é necessário esperar que a agência se debruce sobre o assunto ainda por muito mais tempo. E é importante liberar os 1.200 MHz para uso não licenciado, em vez de dedicar uma banda de reserva para futuras aplicações 5G.

“Nós achamos que as faixas de 6 GHz deveriam ser para Wi-Fi 6, porque já temos nossos casos de uso que precisam de mais espectro. São novas aplicações”, declarou Suarez durante workshop no último dia do Painel Telebrasil 2020 nesta terça, 29.

A proposta é oferecer uma liberação faseada – primeiro com aplicações indoor, com dispositivos de radiação restrita de potência muito baixa, como óculos e sensores, e de potência baixa, como roteadores residenciais. Outros cenários de uso outdoor, no qual ainda será necessário verificar a possibilidade de interferências com serviços de micro-ondas, seriam objeto de um cronograma específico na Anatel, conforme os testes e a área técnica indicassem.

“Nos dois primeiros casos, eles podem coexistir com serviços existentes, e a Anatel pode adotar isso logo, até mesmo antes do final do ano”, destacou a presidente da DSA. “Os 1.200 MHz assim poderão ter canais suficientes. Esperamos uma decisão rápida.”

Segundo afirma Suarez, a Anatel já tem em mãos estudos de referência dos Estados Unidos, Europa e Ásia, que avaliaram que a convivência de serviços legados na faixa de 6 GHz com dispositivos de baixa e muito baixa frequência é viável. “É possível compartilhar. A tecnologia está pronta, não precisa esperar anos.”

Esperando sinal verde

Na opinião do VP de relações governamentais da Qualcomm para a América Latina, Francisco Soares, a destinação de 6 GHz para uso não licenciado no Wi-Fi 6E é “extremamente importante por ser complemento do 5G”, uma vez que tem capacidade de transmissão de 10 Gbps e suportará as mesmas aplicações da rede móvel de quinta geração. “Se tirar ou bloquear parte para alocar banda para acesso licenciado, vai ficar muita coisa de um lado [a rede móvel] e faltando complemento. É importante porque são sete canais maiores, de 60 GHz. Se diminuir para três canais e fizer um projeto de Wi-Fi 6E para um aeroporto, vai faltar canal, ficará capenga”.

Mas sobretudo porque há urgência. Segundo Soares, já há ecossistema com fabricantes de equipamentos prontos para colocar no mercado soluções com a tecnologia. “Elas estão só esperando a Anatel dar sinal verde. Na hora que aprovar [as condições de uso], eles vão estar aptos”.

“Não tem custos de leilão. Só depende da Anatel. Nosso chipset já está no mercado, anunciado. Quando ela der o ok, imediatamente vamos ter um monte de fabricantes disponibilizando access points”, reitera Soares. “O Brasil já está maduro demais.”

Dentro do cronograma

Superintendente de Controle de Obrigações (e ex-conselheiro substituto) da Anatel, Carlos Baigorri justifica que a aprovação da destinação de 1.200 MHz para Wi-Fi6 já aconteceu no conselho diretor sob sua relatoria, quando ele atuava de forma interinamente, e mostrou que há pacificação. “Foi um processo bem discutido na área técnica, mas chegou ao conselho bem maduro – tanto que não houve discussão [na reunião do conselho], foi aprovado sem destaque”.

Baigorri reconhece, contudo, que as regras para implantação da faixa ainda não foram definidas. “De fato, as condições precisam ser definidas. Isso está em discussão no conselho, mas a Superintendência de Outorgas e Recursos à Prestação (SOR), de Vinícius Caram, entregou a análise dentro prazo. Está tudo dentro do cronograma”, argumenta.

 

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