Imagine que você quer comprar uma roupa para presentear alguém. Entra então no WhatsApp em uma loja, vê todo o catálogo, escolhe a opção, monta seu carrinho de compras e faz o pedido pelo aplicativo onde quer que esteja.
O próximo passo seria efetuar o pagamento e combinar a entrega, certo? Bom, essa função tão aguardada foi disponibilizada pelo Facebook (dona do aplicativo) no dia 15 de junho deste ano.
Com foco em mais de 10 milhões de micro e pequenas empresas brasileiras e também pessoas físicas, um grande diferencial positivo era o caminho para a aposentadoria das maquininhas de cartão.
Primeiro país do mundo a receber essa funcionalidade, a parceria do WhatsApp com o Banco do Brasil, Nubank e Sicredi e as bandeiras Visa ou Mastercard apoiada pela Cielo durou pouco.
Para ser exato, oito dias. E, caso a medida fosse descumprida a Visa e a Mastercard (que criaram o arranjo dos pagamentos) seriam multadas e haveria a abertura de um processo administrativo.
Mas qual foi o motivo do serviço ser suspenso pelo Banco Central (BC) e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)? Mais de três meses se passaram e poucas novidades sobre um retorno triunfal foram anunciadas: apenas a permissão de reiniciar os testes foi dada no final de julho.
O burburinho no mercado é grande e as teorias conspiratórias são muitas (uma delas defende que a proibição aconteceu para que o Pix não fosse prejudicado). Principalmente porque o BC não deu muitos detalhes sobre a proibição – disse apenas que o serviço de pagamentos dependia de uma autorização prévia.
Mas quer saber do mais interessante? Para barrar o serviço, a instituição modificou a circular 3.682, adicionando poder de veto às novas ofertas de pagamentos no País.
Como esse estudo aparentemente não foi realizado, o BC disse que o serviço poderia impactar o ambiente competitivo, a eficiência e a privacidade das informações dos usuários que trafegassem na plataforma.
Já o Cade alegou que a Cielo é a maior processadora do mercado. E, como o WhatsApp tem mais de 120 milhões de usuários ativos no País, os concorrentes não seriam capazes de conquistar um mercado similar, caracterizando concorrência desleal.
Outra questão foi a expectativa de que o contrato entre o Facebook e a Cielo fosse exclusivo. Isso “poderia implicar em exclusão de concorrentes a essa nova forma de pagamento eletrônica, além de reduzir as escolhas para o usuário” nas palavras do órgão.
A decisão continua nas mãos do Banco Central e do Cade, que decidirão o futuro dessa funcionalidade: a autorização no modelo atual, sua modificação ou mesmo a proibição. Assim que a decisão for divulgada todos os envolvidos poderão recorrer.
Essa novela ainda promete estar longe do fim e enquanto se aguarda os próximos capítulos o protagonista do momento é o Pix – sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, que vai substituir a TED e o DOC. Aprovado em agosto, seu funcionamento vai se iniciar no dia 16 de novembro próximo.
Testado desde o início do ano, a plataforma é inovadora pois é instantânea e está disponível 24 horas por dia, mesmo nos finais de semana e feriados. Pode ser usada tanto por pessoas físicas como jurídicas, desde que essas possuam conta corrente, poupança ou pré-paga em uma das instituições que fazem parte do ambiente.
O Facebook já disse que é a favor do Pix, inclusive dizendo em junho que o WhatsApp o integrará, o que ainda não aconteceu oficialmente.
A questão é que até agora pouca coisa mudou e o mercado continua em compasso de espera. O que será que acontece? Por que essa decisão está demorando tanto? Por enquanto, vamos de Pix.