As livrarias brasileiras foram duramente impactadas no começo da pandemia, com o fechamento das portas, mas conseguiram sobreviver graças a uma rápida transformação digital, com a adoção de vendas através de portais de e-commerce, atendimento pelo WhatsApp e lançamentos virtuais de livros em plataformas como Instagram, YouTube e Facebook, relata Bernardo Gurbanov, presidente da Associação Nacional de Livrarias (ANL), em entrevista para Mobile Time.

“No início da pandemia, registramos vendas com queda brutal de até 80% e 90% em alguns casos. Houve livrarias que não puderam abrir por causa das restrições impostas pelo poder público e que não estavam preparadas para atendimento online. Algumas tinham zero vendas online. Com o decorrer dos dias se tornou claro que era imprescindível a utilização de mecanismos digitais, sejam redes sociais ou comércio eletrônico propriamente dito, como alternativas para a manutenção do contato com o cliente e a concretização de vendas. Quem estava preparado saiu na frente, principalmente os grandes players. Mas aos poucos as livrarias conseguiram investir o pouco que tinham nessa nova prioridade”, conta o presidente da ANL.

Nesse processo de transformação digital, o WhatsApp se converteu em um canal prioritário para o atendimento do cliente e também para a realização de vendas, diz Gurbanov. E as redes sociais viraram o palco para os lançamentos virtuais, realizados com transmissões ao vivo, as chamadas “lives”.

Antes da pandemia, estima-se que havia no Brasil cerca de 2,5 mil livrarias, contando como tal qualquer estabelecimento que obtenha pelo menos 50% do seu faturamento oriundo da venda de livros. Ainda não foi feito um balanço atualizado, mas o presidente da ANL acredita que deve ter havido uma redução. Entretanto, pondera que, paralelamente, está se consolidando um movimento de abertura de pequenas livrarias “atendidas pelo dono, com boa curadoria, com foco em segmentação da oferta e relacionamento pessoal com o cliente”, na descrição de Gurbanov. E embora algumas grandes redes como Cultura e Saraiva tenham enfrentado problemas sérios antes mesmo da pandemia, outras estão se expandindo, como a Livraria Leitura e as Livrarias Curitiba.

No fim das contas, o esforço do setor fez com que as vendas de livros físicos pelas livrarias no Brasil ficassem até um pouco acima daquelas de 2019. E a transformação digital, definitivamente, veio para ficar: “Hoje em dia está claro que a livraria que não passar por essa transformação digital dificilmente poderá subsistir. Há consenso de que o modelo híbrido permanecerá, no qual se combinam o atendimento presencial limitado, formas de comunicação digital e e-commerce”, prevê o presidente da ANL.

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