Difícil fazer uma projeção dos custos da implementação do 5G sem ter o valor da frequência, o principal entre todos eles. Para Fabio Andrade, vice-presidente de relações institucionais da Claro, outras questões também impedem a empresa de telecomunicações de entender como será feito o investimento. Entre os exemplos dados durante sua participação de um evento online promovido pelo Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior (IRICE), nesta segunda-feira, 22, o executivo cita a obrigação da rede standalone (para o espectro 3,5GHz). “Estamos tentando com a Anatel para que a agência conceda um prazo (maior) para que isso seja implementado, uma régua. Se isso for implementado de uma maneira imediata como exigido no relatório, diria que os custos vão aumentar exponencialmente. Estimo que três a quatro vezes mais do que o inicial”, afirmou Andrade. O executivo explica ainda que, uma “régua de escala para diluir o investimento significa que as empresas repassam menos custos ao consumidor quando o serviço for oferecido”.
O vice-presidente de relações institucionais explicou que a Claro quer chegar ao standalone, com todas as suas qualidades, mas não vê necessidade para a pressa. “Ainda não existem aplicativos hoje que necessitem desse estado da arte. Por isso, estamos propondo que a gente faça uma migração gradativa”, explicou no evento.
Outro ponto destacado por Andrade é a questão da migração, que, segundo o executivo, “foi orçada num valor X, depois passou para um valor cinco, seis vezes esse X, e depois da portaria aumentou a base de pessoas. É uma conta que a gente conseguiu fechar”.
O ressarcimento dos satélites é também uma preocupação para a Claro, que aumenta ainda mais os custos.
Andrade também apontou a rede privativa do governo como um ponto ainda que precisa ser elucidado. “Não temos ideia do tamanho dessa rede, qual o alcance, das condições de segurança. Por tudo isso, fica impossível dimensionar o custo (de implementação do 5G no País)”.
O executivo acredita que o processo está acelerado demais e isso vai encarecer os custos. Ainda segundo Andrade, uma declaração feita pelo secretário executivo do MCTI, Vitor Menezes, de que o os valores vão caber no valor presente líquido (VPL) do leilão é um bom sinal, mas que para Fabio Andrade ainda está tudo no abstrato. “Não sabemos onde estamos pisando”, completou.