Huawei

CSO da Huawei para a América Latina, Marcelo Motta. Foto: Divulgação

| Publicada no Teletime | A Huawei não descarta a participação em uma futura concorrência para fornecer equipamentos para a rede privativa do governo. Segundo explicou o CSO da companhia para a América Latina, Marcelo Motta, os critérios exigidos na Portaria 1.924/2021, que foram incorporados no edital do leilão de 5G como parte das obrigações para as operadoras, exigem padrões de governança corporativa compatíveis com o que a Bolsa de Valores demanda. Mas a empresa ainda espera mais detalhes para saber exatamente se tem toda a conformidade.

Durante conversa com jornalistas nesta terça-feira, 2, Motta disse que a Huawei já atende a diversos padrões de governança corporativa, com publicação de relatórios anuais auditados pela KPMG e informações sobre board de diretores. “Mas não sabemos ainda o detalhamento de ser compatível com os requisitos da Bolsa. Não imaginamos que isso possa ser um problema”, afirma.

Motta destacou que a exigência não é de ter ações negociadas em bolsa, mas de que sejam atendidos a esses critérios de governança. O diretor de public affairs da Huawei Brasil, Atilio Rulli, também enxerga dessa forma. “A Portaria 1.924 cita padrões compatíveis com o mercado. Então, reforçando, não necessariamente [é preciso] ter ações em bolsa”, destacou.

Assim, a fornecedora afirma que está aguardando regulamentação específica com as regras de compatibilidade, como os níveis com gestão e compliance que “provavelmente devem ser detalhados”. Motta ressaltou ainda que o ministro Fabio Faria mencionou na semana passada que os fornecedores visitados pela comitiva do governo brasileiro (junto com ministros do Tribunal de Contas da União) estariam de acordo com critérios internacionais de cibersegurança. “Isso foi bem positivo, e o Brasil optou pelo livre mercado“.

A Huawei já fornece equipamentos para o governo, inclusive para redes da Telebras. Rulli citou redes, data centers e storage para clientes como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Serpro, Dataprev e tribunais regionais, além da Rede Nacional de Pesquisa (RNP).

Contraponto

Também na semana passada, o conselheiro relator da proposta do edital, Carlos Baigorri, afirmou que haveria sim necessidade de a fornecedora ter ações negociadas. Ele destacou que são padrões de segurança e governança “condizentes com o mercado acionário brasileiro, com princípios de transparência e governança que são padrões no mundo todo, tendo que publicar balanço auditado, contrato social, controladores e acionistas”.

Na ocasião, Baigorri lembrou que a fornecedora não necessariamente precisa ter ações em bolsa para a operação normal, citando a Claro como exemplo de companhia que atua no Brasil sem ter o capital aberto localmente. “Eu falei que a Huawei não poderia participar porque eu entendo que ela não tem o mesmo padrão de transparência e governança”, afirma. Para ele, os requisitos de segurança serão definidos na execução do projeto pela Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz (EAF) no chamamento (Request For Proposal – RFP). “A ZTE é empresa estatal e é listada na bolsa de Shenzhen. Então vai ter que ser avaliado na discussão, os requisitos têm que ser definidos no Ministério [das Comunicações].”

 

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