Grandes siderúrgicas costumam alugar boa parte das máquinas e dos veículos que utilizam em suas operações. Uma única usina pode ter cerca de 300 veículos diferentes, de vários fornecedores, com contratos que usam parâmetros diversos para a cobrança, como o tempo em que o motor ficou ligado dentro de uma área produtiva. O custo do aluguel das máquinas está na casa de milhões de reais por mês e o controle dos contratos em muitos casos ainda é feito de maneira semimanual. Por conta da complexidade dessa gestão, é comum haver divergência no fim do mês entre a siderúrgica e o locador da máquina sobre o valor devido. Para resolver o problema, a startup brasileira GaussFleet desenvolveu uma plataforma que automatiza o trabalho, funcionando como um hub entre a siderúrgica e seus fornecedores de veículos e máquinas. Sua solução é utilizada atualmente no monitoramento de 1,5 mil máquinas de usinas de grande porte, incluindo entre os clientes Gerdau e Usiminas. A solução se aplica a todos os veículos que fazem a logística interna dentro de uma planta siderúrgica durante o processo de produção do aço, como caminhões, tratores e retroescavadeiras.

A startup realiza um estudo prévio de conectividade para cada planta onde sua solução será utilizada. São adotados chips multioperadora para o envio de dados através da rede móvel. Quando não há cobertura celular, monta-se uma rede Wi-Fi. São enviados dados a cada 15 segundos, totalizando cerca de 4 mil informações por veículo por dia. Os dispositivos são capazes de guardar os dados por até dez dias, o que garante também a operação em áreas de sombra. Além de um rastreador telemático, a GaussFleet instala em cada veículo um leitor RFID, para o motorista se identificar. Também é oferecido um tablet, instalado no painel do veículo, para o recebimento de ordens de serviço. O sistema consegue, de forma inteligente, mandar uma solicitação para a máquina mais adequada para cada serviço.

Os dados coletados nas máquinas são encaminhados para uma plataforma, que calcula quanto deve ser pago a cada fornecedor, com base nos parâmetros previamente configurados de cada contrato.

GaussFleet

“Existia uma guerra enorme entre siderúrgica e operador logístico sobre o pagamento. Cada um tinha o seu controle e os números não batiam”, diz Vinicius Callegari, CCO e cofundador da GaussFleet

“Existia uma guerra enorme entre siderúrgica e operador logístico sobre o pagamento. Cada um tinha o seu controle e os números não batiam. Nossa plataforma veio dar essa visibilidade para os dois lados”, descreve o CCO e cofundador da GaussFleet, Vinicius Callegari, em conversa com Mobile Time. “O monitoramento, por si só, é uma commodity. Vimos que poderíamos criar uma plataforma que centralizasse todo o processo de solicitação, programação, execução, e medição dos contratos dessas máquinas móveis. Nosso valor agregado é o maior controle sobre os ativos terceirizados que rodam na planta de uma siderúrgica”, completa.

Modelo de negócios

São as siderúrgicas que contratam a GaussFleet. Pelo uso da sua plataforma, a startup adota o modelo de “software as a service”, cobrando um valor fixo por mês por máquina conectada. Os dispositivos são instalados nos veículos em comodato.

“A partir de três meses a siderúrgica começa a entender como a operação funciona, onde tem que apertar os parafusos em cada fase do processo etc. Em menos de 12 meses consegue o retorno sobre o investimento conosco”, afirma.

A GaussFleet começou a operar em abril de 2019. No ano passado cresceu 300% em faturamento. Neste ano espera crescer 250%, diz o executivo, que já estuda levar sua plataforma para outros setores. “Estamos olhando o mercado de infraestrutura e de construção, que aparentemente têm as mesmas dores, porque terceirizam as máquinas”, conta.

GaussFleet

Exemplo de tela do painel da GaussFleet

 

 

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