O diretor de estratégia e tecnologia da Globo, Raymundo Barros, afirmou nesta quarta-feira, 7, que a companhia quer construir modelos de negócios digitais. Em resposta ao Mobile Time durante coletiva de lançamento da parceria da organização de mídia com o Google Cloud, o executivo disse que a ida da empresa para um modelo mais digital é para impactar positivamente as receitas de seus produtos.
“Esse não é um projeto de eficiência operacional. Inclusive estamos vendendo o nosso data center. Existe um business case, mas a decisão é para impactar o topline”, disse Barros, ao explicar sobre a migração da Globo para nuvem pública do Google. “Queremos construir modelos de negócios, ampliar o número de assinantes do Globoplay (Android, iOS), melhorar a jornada de publicidade por meio da tecnologia e entrar em novos domínios de negócios”.
Sobre o possível retorno de investimento, o diretor da Globo afirmou que “não consegue dizer o payback”, mas afirmou que há “o benefício de reduzir a própria infraestrutura”.
Parceria
Com duração de sete anos, o contrato entre o Google e Globo visa migrar do data center para nuvem todos os serviços e produtos digitais, tais como: acervo digital da Globo, Globoplay, canais globo, Cartola FC e família G (G1, GE.com, GShow). Com a mudança, a única solução digital que fica dentro dos serviços da empresa será seu CDN para garantir a entrega robusta de vídeo aos usuários.
Além do storage, a parceria tem como vantagem o uso de algoritmos de inteligência artificial, machine learning e análise de dados do Google. Por meio desses algoritmos, a Globo pretende customizar a experiência do usuário, entre o uso da TV e dos aplicativos Globoplay. A primeira iniciativa que surge da relação com o Google é a customização e oferta de conteúdo para usuários do Android TV.
“A Globo espera com essa parceria tornar o Globoplay cada vez mais personalizado. Queremos trabalhar os produtos Globo com os produtos de IA do Google para que cada um dos 110 milhões de brasileiros tenham um produto personalizado. Com descoberta de conteúdo e oferta customizada”, disse.
“Também teremos up-sell e cross-sell. Hoje, nenhum outro player de streaming pode combinar duas plataformas, digital e rede aberta. Quando você sai da TV aberta e vai para o Globoplay na TV conectada, há uma fricção. Com a entrada do Google, um assinante pode terminar de assistir o BBB na TV aberta e o app ofertará o pós com as nove câmeras exclusivas. Algo que já existe nas TVs Samsung desde 2020, mas vamos levar ao Android TV”, completou.
Outros motivos citados pelo diretor da Globo para efetuar essa migração são a relevância dos produtos digitais em seus 110 milhões de consumidores, o consumo interno de ferramentas digitais que deem escalabilidade à companhia e o fato que 600 colaboradores estão trabalhando de casa durante a pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2).
Gargalos
Também é objetivo do projeto Google-Globo evitar gargalos nos acessos dos usuários, algo que aconteceu no Globoplay nos picos de audiência do BBB (vide eliminação da cantora Carol Konka). Marco Bravo, head de Google Cloud para o Brasil, lembra que este tipo de problema acontece geralmente na Black Friday e que sua empresa usará essa expertise e seu poder de processamento e storage para ajudar a Globo, assim como auxilia os varejistas na festividade comercial.
Cronograma
De acordo com Barros, o cronograma para migrar tudo ao digital durará dois anos. Primeiramente, em 2021, a Globo começa a transferir seus canais para a nuvem, iniciando com os “canais frios”, ou seja, aqueles que não produzem conteúdo ao vivo, como Viva, GNT e OFF. Ainda assim, a expectativa da companhia é produzir 50 programas esportivos a partir da nuvem ainda em 2021.