A Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA), divulgada nesta sexta-feira, 9, pelo governo federal, não se aprofundou no impacto que a tecnologia terá sobre o mercado de trabalho e sobre a educação. Essa é uma das principais críticas ao documento feitas pelo coordenador da área de direito e tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS Rio), Christian Perrone.

“Como devemos enfrentar a potencial perda de milhares, senão milhões de postos de trabalho no País? As sugestões poderiam ser mais profundas. Como será a estrutura de seguridade social?”, questionou, em conversa com Mobile Time. 

E continua: ”Na parte de educação, outras estratégias são muito mais claras dos caminhos que devem seguir. Por exemplo, a da Coréia do Sul fala em abrir seis novas escolas para formar em AI e análise de dados. Aa do Canadá estipula inclusive um valor que deve ser utilizado para reforçar pós-graduações. A da China prevê 50 faculdades de AI e 500 centros de formação. A EBIA não segue essa mesma lógica de profundidade e clareza de caminhos a serem seguidos.”

Perrone critica ainda a falta de um posicionamento mais claro do papel do Brasil no desenvolvimento de IA dentro do contexto mundial. Ele ressalta que o Japão focou em robótica e a Índia, em ser um grande centro mundial de outsourcing em IA. “E o Brasil? Qual a concepção que quer ter frente aos outros países do mundo?”, pergunta. Ele sugere que poderia ter se explorado o potencial de IA em fintechs, área em que o Brasil tem ganhado força, ou na relação entre IA e criatividade, ou mesmo IA e agricultura.

Pontos positivos

Por outro lado, o especialista elogia a atenção da EBIA à necessidade de mecanismos regulatórios mais flexíveis, como o uso de sandboxes. 

“Outro ponto interessante é que reconhece riscos de AIs com relação a discriminação e vieses. E também entende que diversidade é um elemento importante. Mas gostaria de ter visto nesse contexto uma colocação sobre inclusão desde a concepção”, comenta.

 

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