Manter o avanço tecnológico de suas pequenas empresas estava entre os principais desafios de 20% dos empreendedores ouvidos na pesquisa realizada pela EY (Ernst & Young) durante a pandemia do novo coronavírus. O estudo foi apresentado no primeiro dia do FID 21, nesta segunda-feira, 24.
“Era a segunda grande preocupação ‘ensanduichada’ entre as barras sobre a Covid-19 (a pandemia em si e a recuperação da economia global a partir do impacto da crise sanitária)”, explicou Rafael Schur, sócio da EY no Brasil. A pesquisa ouviu 5 mil pequenos empresários de diferentes partes do mundo, mas o apresentado no evento mostrou um recorte com os entrevistados brasileiros, ou seja, 126 pessoas.
A principal fonte de crédito, no entanto, ainda é o banco tradicional, com 49%. Mas, as fintechs representam 20% da fatia dos entrevistados que recorreram a serviços financeiros totalmente digitais – sejam fintechs ou bancos digitais – para a captação de crédito.
Além de taxas e velocidade, os pequenos empresários buscam também o auxílio de uma pessoa especializada em seu negócio. “Notamos que não é mais preciso ter uma presença física como canal para fazer o crédito. Aquele contato na agência não é mais muito importante. Agora, as empresas buscam pessoas com bom conhecimento sobre sua indústria e que lhe dêem o empréstimo. E a dinâmica como a empresa se relaciona com esse ecossistema está mudando. Abre espaço para novas entrantes para prover esse capital, mas também para os bancos repensarem algumas dinâmicas com relação ao atendimento ao crédito”, resume Schur.
O pesquisador aposta que o open banking vai acelerar ainda mais o encontro entre pequenos empresários e as fintechs, por terem um método mais ágil de dar crédito e em melhores condições. Inclusive para aqueles que em algum momento já foram rejeitados por um grande banco.
Não à toa, 67% dos empresários estão muito ou extremamente interessados em compartilhar mais dados de negócios com o provedor financeiro para melhores serviços. “As empresas estão dispostas a abrir esse dado para gerar negócios. E estão dispostas a pagar por esses serviços, ou os aconselhamentos mais personalizados”, explicou o sócio da EY. No caso, 83% dos entrevistados estão interessados em receber serviços de aconselhamento sobre seus negócios. E, desses, 32% estavam dispostos a pagar por isso.
O crescimento das fintechs é visto também quando a pesquisa aponta o tipo de instituição financeira atualmente utilizada para serviços financeiros (25%). Os bancos, neste caso, ainda são as principais portas, com 69% trabalhando com instituições bancárias. Mas, quando a pergunta é “O quão provável você considera mudar seu principal provedor de serviços financeiros”, 37% dizem que é muito provável e provável. E, se perguntado para qual tipo de organização, em primeiro está o próprio banco, com 46% e, em segundo, com 41%, estão as fintechs.
Para o executivo, o ambiente está propício não apenas para a competição entre grandes (bancos) e pequenos e médios (fintechs e bancos digitais), mas à cooperação. “Eles vão brigar, mas tem um novo mundo em que eles vão colaborar e cada um desses grupos vai encontrar uma forma de atuar junto aos empresários com produtos financeiros e conhecimento”, resume.