O open banking vai resolver duas questões: a concentração dos dados bancários – que estão nas mãos de poucas, porém grandes instituições –, e vai ampliar a competição, uma vez que novos players – como as fintechs – estão entrando no mercado e terão acesso às informações de forma mais democrática. Ao menos é o que acredita Rafael Pereira, presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) e cofundador da fintech Open Co, durante sua participação no FID 21, evento online nesta terça-feira, 25.
“É um setor consolidado, com quatro ou cinco grandes bancos e cada um no seu próprio nicho. Não havia, até então, uma guerra por clientes. Com as informações disponíveis para todos, e com mais players no mercado, eles passam a brigar pela atenção do cliente. O open banking traz mais competição”, afirma.
Pereira acredita que a fase da interoperabilidade será a mais importante e trará a tão esperada competitividade ao setor. O executivo compara o momento com o início da interoperabilidade em telecomunicações, quando o cliente passou a poder levar seu número de celular – ou fixo – para outra operadora. “Criou um grande benefício para a sociedade”, resumiu.
O presidente da ABCD também explicou que, com a troca de dados, será possível entender melhor o comportamento do cliente e, assim, os serviços serão melhores, mais assertivos e personalizados.
“Os serviços financeiros (para empresas) sempre foram desenhados de modo em que todos são iguais. Sou comparado a um pequeno empresário, de outro setor, e essa média que fazem entre todos não serve de nada. Com o open banking, há uma perspectiva de democratizar e reduzir os gaps do sistema financeiro”, analisou.
Por sua vez, Pedro Moura, cofundador e CEO da Flourish Savings, empresa norte-americana cujo propósito é estimular a saúde financeira, concorda com o aumento da competição provocada pelo open banking e também aposta no desenvolvimento de produtos mais assertivos para cada cliente.
“É caro ser pobre no Brasil. Os custos das transações são grandes, o País tem uma das maiores taxas de juros do mundo. Mas o open banking aumenta a competição entre os jogadores, oferecendo mais ofertas de serviços e mais personalização nos produtos para clientes específicos”, explicou Moura.
“Com o auxílio emergencial, 20 milhões de brasileiros se bancarizaram, mas só isso não adianta. Quais são as ferramentas para desburocratizar essas pessoas? Como elas podem ter acesso aos serviços financeiros, ao crédito, por exemplo? É preciso criar novos produtos que sejam ajustados a cada um deles”, resume o empresário.