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A distribuição de celulares no País subiu 3% no primeiro trimestre de 2021 com 11,8 milhões de unidades distribuídas ao varejo (sell-in), sendo 11,1 milhões de smartphones e 706 mil de feature phones, segundo dados da IDC Brasil publicados nesta quarta-feira, 2. Ainda assim, o cenário é visto como desafiador por Renato Meireles, analista de pesquisa e consultoria em consumer devices da empresa de análise do mercado.

“Tem dois fatores que motivaram a alta do primeiro trimestre. O primeiro é que estamos comparando com uma base ruim: o primeiro trimestre de 2020 registrou apenas 10,4 milhões. Ou seja, é uma comparação com o começo da pandemia em 2020”, explicou Meireles. “E o segundo é o problema do abastecimento (falta de peças). O mercado não se sente otimista com a retomada. O que aconteceu no primeiro trimestre de 2021 foi uma antecipação de sell-in, prevendo a falta de produtos no sell-out nos próximos trimestres”, completou.

Além da crise global de semicondutores, que pode gerar falta de peças no Brasil, o analista lista outros fatores que podem agravar o cenário no Brasil, como: a escassez de linhas de fretes marítimos e aéreos; o apetite de outros mercados por smartphones; o câmbio e o cenário macroeconômico; e a lentidão na vacinação no País.

“Principalmente vacinação e economia são fatores que influenciam. Basta olhar os EUA que já estão voltando ao normal, com turismo, comércio de rua e eventos em estádios, por exemplo, o que motiva o consumo e o mercado. É um motivador para os fabricantes priorizarem outros mercados por conta do nosso fator (de vacinação lenta)”, disse em conversa com Mobile Time nesta quarta-feira, 2.

“O Brasil continua com alguns estados decretando restrições ao comércio, principalmente no interior. Isso preocupa muito a performance de empresas. E tem o patamar do câmbio, que aumenta o preço do frete, FOB (Free on Board) para trazer componentes. Tudo isso reflete no preço da ponta para o consumidor”, afirmou.

Dinheiro

A IDC informa que houve um aumento de 16% no tíquete médio dos celulares, um movimento puxado principalmente pelo câmbio e pela macroeconomia, afetada por diminuição dos gastos do brasileiro. Em receita, o segmento fechou o primeiro trimestre de 2021 com alta de 17%, somando R$ 19 milhões. Desse total, R$ 18,9 milhões são smartphones e R$ 125 mil, feature phones.

Tijolão cresce, por enquanto

Feature phones é um capítulo à parte, uma vez que essa categoria cresceu 3%, quando deveria estar caindo. O executivo da IDC atribui este movimento a uma “demanda pontual” do consumidor.

“Se buscarmos o histórico da categoria de feature phone, ela se torna alternativa com o momento econômico. O consumidor continua no feature phone momentaneamente, mas assim que os preços estiverem mais favoráveis migrará para o smartphone”, prevê.

Meireles esperava que este movimento “seja impulsionado com o 5G e IoT em 2022”, além da questão da era da tecnologia que vivemos, com o uso massivo de apps para smartphones que não estão nos celulares mais simples. “Essa categoria (feature) vai perder força no curto-prazo”, aposta.

 

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