Bernard Boghei, cofundador e vice-presidente executivo de operações da Vertical Bridge, defendeu a necessidade de parcerias público-privada para levar conectividade às áreas rurais no mundo, durante a MWC 2021, em Barcelona, nesta quinta-feira, 1°.
“Os reguladores devem firmar parcerias com as operadoras, e, talvez, uma segunda parte do espectro pode ser dado às companhias. Em contrapartida, as empresas se comprometem na expansão da cobertura de banda larga rural”, propôs Borghei, que vê isso como forma de comprometimento dos governos em avançar com a conectividade no campo.
“Se falarmos para operadoras como a Verizon que ela pode pagar metade dos US$ 43 bilhões que deu ao leilão da banda-C nos Estados Unidos, acredito que seria uma conversa que eles estariam abertos. Mas, enquanto cobrarmos bilhões de dólares por espectro será difícil que as operadoras – empresas que são baseadas em lucro – façam investimentos em áreas que dão pouco retorno”, completou o executivo da empresa.
De acordo com John Giusti, chief regulations officer na GSMA, o problema não é apenas dos EUA ou de mercados emergentes, uma vez que 8% da população mundial (500 milhões de pessoas) estão sem acesso às redes móveis em áreas rurais.
Críticas
Em contrapartida, Mohammed Samiul Islam, dono da operadora para baixa renda Z Tech, criticou a posição de Boghei. Em sua visão, a grande maioria dos governos vê as redes de conectividade como “máquinas de dinheiro” quando não são. Lembrou que muitas operadoras, inclusive as grandes, estão perdendo dinheiro. Na sequência criticou a posição do VP da Vertical Bridge.
“Um dos participantes disse aqui no painel sobre taxação pesada e custos de espectro. Na verdade, nós precisamos ir para mesa de desenho e pensar tudo novamente, pois não apenas as redes móveis estão nos aproximando: elas trazem muitos impactos (para a sociedade) nos tempos atuais”, afirmou Islam. “Nós precisamos contar esses aspectos em contrapartida. Do contrário, não será possível avançar”, concluiu.
Em resposta ao executivo da operadora de Bangladesh, Boghei afirmou que a conectividade rural não pode depender apenas dos governos, mas de uma parceria público-privada.
Importante dizer que a Z Tech tem apoio do governo de Bangladesh para oferecer conectividade Wi-Fi e cabeada à população local com baixo custo e em modelos de negócios inovadores, como “pay as you use”.
Aplicações
Outra crítica veio de Jahmy Hindman, CTO da John Deere, que afirmou que o problema não é apenas a cobertura, mas a entrega de redes com confiabilidade e baixa latência para aplicações no campo: “Nós (indústria) geralmente pensamos que a cobertura é algo binário, você tem ou não. Eu acredito que não é uma questão de conectividade, mas se a cobertura de rede dá suporte para casos de uso com confiança, banda e requisitos de latência para que essas aplicações funcionem”, afirmou.
Tecnologia
Para Marc Allera, CEO das marcas de consumo da BT, há outras formas de resolver os problemas no campo. O executivo da operadora britânica acredita que novas formas de tecnologia ajudaram a endereçar a conectividade no campo, como satélites, drones e até veículos de atendimento rápido.
Boghei, da Vertical Bridge, também acredita nesta possibilidade. Afirma ainda que o uso de tecnologias como 5G standalone (SA) e virtualização de rede ajudarão nessa expansão, assim como a reduzir os custos de implementação de backbone e backhaul.