A Anatel, em parceria com a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), concluiu a primeira bateria de testes de desempenho e convivência das redes privativas do 5G em ambiente industrial. Os resultados indicam uma latência menor quando usada uma arquitetura de rede independente, com o core localizado dentro da fábrica, sem passar pela rede pública de uma operadora. Além disso, foi constatado que as velocidades obtidas com 5G são bem superiores àquelas com rede Wi-Fi industrial.

Os testes foram realizados pelo Grupo WEG/V2COM com a colaboração do CPQD (Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações), das fabricantes Qualcomm, Ericsson e Nokia, e da Claro. Para as avaliações, foi inaugurado o Open Lab 5G, em Jaraguá do Sul/SC. O objetivo é avaliar a performance dos sistemas 5G operando em 3,5 GHz e 26 GHz.

Foram montadas duas redes privativas 5G no chão de uma fábrica do Grupo WEG/V2COM. A primeira era uma rede privativa independente, operando na faixa de 3,7 GHz a 3,8 GHz, com equipamentos da Nokia, no padrão de 5G standalone (SA) e release 15. Nela, todo o tráfego de dados, incluindo o controle de acesso dos assinantes, acontece dentro do ambiente da rede privativa, sem escoamento para a rede pública – a não ser em aplicações específicas que requeiram acesso à Internet. A segunda era uma rede privativa integrada com a rede pública da Claro, usando a faixa de 3,5 a 3,6 GHz, com equipamentos da Ericsson. Neste caso, o controle de acesso dos assinantes era feito no core da Claro, localizado fora da fábrica, mas o tráfego era tratado de forma separada e prioritária, usando QoS. Ambas as redes usaram um canal de 100 MHz.

Mobile Time teve acesso aos resultados dos testes: ambas as redes validaram as determinações previstas em consulta pública da  da Anatel. Na rede com arquitetura independente, a velocidade média do download foi de 730 Mbps e do upload, 100 Mbps, variando de acordo com a distância entre o terminal e as quatro estações instaladas. As velocidades foram consideradas satisfatórias para a grande maioria das aplicações da indústria 4.0, assim como os valores de latência (no downlink, atingiu latência média de 13 ms e no uplink, 113 ms, com carga máxima).

Por sua vez, na rede integrada, foram instaladas oito estações-base. A velocidade atingiu picos de download de 1 Gbps. A latência, contudo, ficou acima do ideal, girando em torno de 40 a 50 ms. Existe a intenção de se realizar um novo teste com essa arquitetura de rede, mas com um core mais próximo da fábrica, para melhorar a latência.

Um último ponto importante avaliado nesta fase foi a convivência entre as duas redes privativas: não foram detectadas interferências entre elas. Os próximos passos sugeridos pela Anatel são novas rodadas de teste aproximando mais as faixas utilizadas pelas duas redes concomitantemente. Os testes com 26 GHz estão previstos para o último trimestre.

 

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